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Adaptação do serviço fixo pode ser “alavanca de digitalização” da sociedade, aponta Gebara

Christian Gebara assume a presidência da Conexis apontando a importância da universalização dos serviços para a sociedade e cobra estratégia de longo prazo do governo para o setor de telecomunicações.

Christian Gebara, presidente da Vivo

Em seu discurso inaugural como presidente da Conexis, entidade que representa 60 institutos de pesquisa e empresas, entre as quais as operadoras de telecomunicações, Christian Gebara enfatizou a importância do setor para tornar a sociedade mais inclusiva e digital. A seu ver, os recursos da adaptação das concessões de telefonia fixa devem ser vistos como uma oportunidade para ampliar o acesso à internet.

“Em face da perda de relevância do serviço fixo, é necessário avançar com o processo de adaptação do regime de concessão para autorização. E que as condições trazidas busquem estimular uma solução justa e equilibrada, que aproveite os investimentos como alavanca de digitalização”, ponderou o executivo, que é também presidente da Telefônica Vivo.

Gebara ressaltou diversas vezes que a importância de os governos enxergarem os serviços de telecomunicações como essenciais à sociedade do futuro, e cobrou uma estratégia de longo prazo.

“Nosso setor enfatiza a necessidade de uma governança que atue transversalmente em todo o governo, sinergizando programas que já existem e traçando uma visão de longo prazo que potencialize as enormes oportunidades de desenvolvimento que o Brasil oferece, tal qual outras grandes nações já o fizeram”, disse.

A seu ver, há diferentes programas e recursos disponíveis que devem ser usados para a digitalização. Citou o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) e o dinheiro levantado em obrigações no leilão 5G.

“A nova regulamentação do Fust é uma alternativa para subsidiar o consumo ou mesmo para levar educação e saúde de forma digital. A simples aplicação de parte destes recursos poderia contribuir para a expansão dos serviços no país”, observou.

E completou que esse dinheiro, associado aos R$ 3,1 bilhões depositados à EACE pelas compradoras da faixa de 26 GHz no último certame da Anatel “seriam suficientes para oferecer internet a milhões de famílias e milhares de escolas”.

A seu ver, telecomunicação é o grande motor de transformação digital do Brasil. “Fundamental para desenvolvimento de todos os setores. A pandemia aumentou essa percepção. A inclusão digital é um dos principais aceleradores de inclusão social”, falou.

Desafios

Além de dilemas envolvendo a carga tributária e o assimetrias relacionadas às gigantes digitais, Gebara lembrou que as operadoras têm lidado com cenário macroeconômico adverso.

Ele ponderou que as operadoras investiram mais de R$ 1 trilhão desde as privatizações. “É o terceiro setor que mais investe no Brasil, e um dos maiores que investe em telecom no mundo. Investimos 21% da receita total, nos EUA é 17%, e no Japão, 14%”, falou.

Apesar disso, o retorno sobre este aportes é desigual. “Há um grande desafio em rentabilizar esse investimento que fazemos aqui, e cada vez e cada vez estamos mais pressionados. O retorno sobre o capital investido é modesto, em torno de 7,7%, enquanto o custo de capital gira em torno de 9,7%”, comentou.

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