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Outubro rosa: o papel das empresas na prevenção do câncer

Diagnósticos que mudaram vidas e também as políticas corporativas foram compartilhados na Live do Tele.Síntese.

Outubro rosa além do marketing: o papel das empresas na prevenção

Mesmo sem levar o nome do câncer de mama, o termo outubro rosa já é conhecido como um período de prevenção, com engajamento de diversas empresas. Em live promovida pelo Tele.Síntese, nesta segunda-feira, 31, representantes do setor de telecomunicações e do Judiciário compartilharam experiências que vão além da mudança de identidade visual por um mês, mas políticas de gestão impactadas pelas experiências de trabalhadores. 

Isabela Cahú, diretora Jurídica da Claro, descobriu o câncer durante um exame preventivo, no ano passado. “Sou de uma geração do crachá, uma geração para ser uma mulher independente financeiramente, que sempre teve o foco full time no trabalho. Nunca pensei que ficaria doente”, diz. 

Para ela, o apoio recebido na empresa foi essencial. “Eu tive uma assistência de toda a equipe, uma médica também da Claro, suporte emocional completo, como: ‘cuide da sua saúde que a empresa está cuidando de você’, foi essa percepção”, e cita o CEO da operadora, José Felix e o diretor de RH, Rodrigo André, entre aqueles a apoiaram.

Isabela Cahú, diretora Jurídica da Claro (Foto: Tele.Síntese)

Cahú afirma que já costumava fazer exames de prevenção frequentemente. O único ano em que não fez foi 2020. Ela é uma entre milhares de mulheres que não realizaram mamografia por conta dos impactos da Covid-19 nos hospitais e da necessidade de isolamento. 

De acordo com Oscar Petersen, vice-presidente Jurídico Regulatório da Claro, a empresa observou essa tendência da falta da prevenção do câncer de mama entre as funcionárias e reforçou a campanha durante o período de pandemia. “O RH passou a mandar receita médica, já com pedido médico, para facilitar”, conta. 

Oscar Petersen, vice-presidente Jurídico Regulatório da Claro. (Foto: Tele.Síntese)

Camilla Tápias, vice-presidente Regulatório da Vivo, conta que a operadora também teve reação semelhante. “Fizemos parcerias com os planos de saúde para detectar as mulheres que passaram de um ano sem fazer o seu exame”, afirma. 

“Muitas vezes, na correria do dia a dia, vira o ano e a gente acaba esquecendo [o exame]. Uma empresa que tem uma estrutura que pode alertar, deve fazer isso, deve exercer o seu papel”, defende Tápias. 

Ana Celia Biondi, diretora da JCDecaux Brasil, conta que a empresa já conseguiu observar o impacto da campanha do outubro rosa na prática – com comunicação voltada não só para as mulheres, mas também para os homens.

“Esse homem volta para casa,  fala para as mulheres que têm que fazer o exame. No ano passado, tivemos um caso diagnosticado após uma conversa dessas com nossos colaboradores. A conscientização e a comunicação são muito importantes”, destaca, Biondi. 

Impacto nos investimentos 

Os executivos reconhecem o peso do desenvolvimento de ações ESG, como a exigência por parte de investidores e em políticas de financiamento. “Agora isso é uma necessidade de sobrevivência das empresas de capital aberto”, observa Oscar Petersen da Claro.

Para Biondi, da JCDecaux, a relação entre investimentos e o ESG vai além das empresas de capital aberto. “Para todas as outras empresas ainda é importante ver resultado econômico nisso. Quando, por exemplo, um cliente prefere uma concorrente que recicla, ou que é mais inclusiva, a empresa começa a ver que ela está perdendo o negócio, ou seja, o resultado econômico dela está sendo afetado. A partir daí eu acho que vem comprometimento”, disse a diretora.

Ana Celia Biondi, diretora da JCDecaux Brasil (Foto: Tele.Síntese)

Além de incentivar que as funcionárias façam os exames, as empresas participantes da live também afirmam que oferecem assistência emocional para as profissionais durante o tratamento.

Trabalho é terapia

Do lado do poder público, o debate é ampliado. Eliana Calmon, ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) conta que se debruçou em 2010 em um caso que discutia o benefício a pessoas com afastamento de empresas por diagnóstico de câncer e seus impactos. 

“Comecei a conversar com médicos e perguntar: As pessoas que estão curadas precisam se afastar do trabalho? Como a medicina vê a pessoa que está sofrendo de uma doença? Os médicos foram unânimes em dizer que o câncer é uma doença controlável, onde o trabalho é de fundamental importância para a cura. O afastamento do trabalho causa um trauma para a mulher”, afirmou.

Eliana Calmon, ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (Foto: Tele.Síntese)

A ex-ministra explica a importância de dar a oportunidade das pessoas serem produtivas durante o tratamento. “Começamos a construção da ideia de que um benefício para aqueles quem tem câncer não é favor nenhum, mas uma necessidade de continuarmos com os talentos já preparados no trabalho e para [essas pessoas] serem aceitas pelas empresas e pela sociedade”, disse Calmon. 

No caso do câncer de mama, a chance de cura é de 88,3% quando descoberto na primeira fase, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA). A estimativa é de que uma a cada oito mulheres sofram da doença.

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