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Sercomtel já avisou à Anatel que deseja migrar a concessão para autorização

Prefeitura de Londrina pretende soltar novo edital para venda do controle da operadora local em duas semanas. Leilão deve acontecer em agosto.
Fachada da Sercomtel, em Londrina (Foto: Devanir Parra/Divulgação)

A operadora londrinense Sercomtel já manifestou à Anatel o desejo de migrar sua concessão para o regime de autorização. A adaptação, porém, ainda não é possível porque falta à agência regulamentar o procedimento. Por sua vez, a Anatel esperou até semana passada o decreto presidencial que deixou clara a possibilidade de renovação das licenças de espectro que vencem a partir deste ano, o que deve acelerar a publicação das regras pelo regulador.

A operadora regional passa por dificuldades financeiras, e por isso é alvo de processo de caducidade na Anatel. Para evitar a perda do direito de explorar os serviços de telecomunicações, a prefeitura estruturou ano passado um plano de privatização, que prevê o leilão do controle da empresa na B3, a bolsa de valores brasileira. O leilão foi realizado no começo do ano, mas ficou vazio, sem interessados. Desde então, a prefeitura de londrina se debruça sobre o edital, promovendo alterações para torná-lo mais atrativo.

Segundo o secretário de governo de Londrina, Juarez Tridapalli, seis interessados acessaram o data room em busca de mais informações a respeito da empresa. Ele não revela quem pediu informações, mas o Tele.Síntese apurou que entre os interessados há fundos de investimentos que vêm realizando aportes no mercado de provedores regionais de internet, e operadoras de atuação nacional.

Novo edital

Tridapalli explica que o novo edital vai prever uma nova configuração da venda do controle. A grande diferença deve ficar por conta do valuation da operadora. No leilão que terminou vazio, o valor da ação foi calculado com base no patrimônio. Agora, deverá usar o método do fluxo de caixa descontado e considerar também múltiplos de mercado. O resultado deve ser uma fatia maior transferida ao comprador.

No primeiro edital, esperava-se aporte de R$ 130 milhões na empresa por fatia de cerca de 78%. Pelo novo método, o porcentual do capital social que vai mudar de mãos deve passar de 80%. A prefeitura, dona hoje de 55% das ações, e a Copel, com 45%, ficam com o restante, com direito de tag along caso o novo controlador venda a companhia no futuro.

“Estamos em vias de publicar o edital, o que deve acontecer em 15 dias. A intenção era publicar na segunda-feira [29], mas o responsável adoeceu de Covid, então deve ficar para outra semana. E o leilão deve acontecer até a segunda semana de agosto”, disse o secretário ao Tele.Síntese. Segundo ele, outros pontos do edital também foram alterados para torná-lo mais atraente aos investidores.

Alternativa

A prefeitura de Londrina não deixou todos os ovos na cesta do leilão, no entanto. No último dia 10 de junho, a câmara da cidade aprovou a tomada de empréstimo de R$ 30 milhões junto à Fomento Paraná, instituição financeira do governo do estado. O valor será acessado apenas caso o novo leilão não tenha sucesso, explicou Cláudio Tedeschi, presidente da Sercomtel, ao Tele.Síntese.

Caso não apareçam investidores, o que ele considera improvável, a companhia vai acessar o dinheiro e dar início a plano de reestruturação para sanear as contas da empresas e torná-la rentável para a prefeitura no médio prazo. Enquanto isso, a Sercomtel segue vendendo terrenos cuja negociação dispensa anuência da Anatel.

“Apesar das dificuldades, a Sercomtel sempre manteve a qualidade. Então acho que é um intangível importante, e toda a estrutura que possui desperta interesse. Tem uma rede fixa grande ainda, que só precisa ser substituída. Como a estrutura está montada, com investimento razoável, é possível recuperar”, ressalta o executivo.

Ele reconhece que a pandemia acrescenta uma pitada de instabilidade em um processo já que é difícil por si só. “O mercado já andava nervoso com a economia, ficou mais. Os dados de recuperação são mais difíceis de prever em médio e longo prazo, o que tornou planejamento mais complexo. Quando havia tendência de melhorar, com a aprovação da Lei 13879, aí vem a pandemia”, lembra. Segundo ele, o plano B de recuperação começaria a dar resultado em um ano.

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