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Regulação

Anatel avalia convivência entre WiFi e celular na faixa de 6 GHz

Anatel estuda manter uso integral da faixa de 6 GHz no WiFi indoor e dividir no uso outdoor com redes celulares

A posição brasileira tomada na última Conferência Mundial de Radiocomunicações (WRC-23) abriu diferentes opções para a Anatel decidir o destino da faixa de 6 GHz no futuro próximo, inclusive a de convivência de diferentes tecnologias na mesma banda.

Vinicius Caram, superintendente de outorga e recursos à prestação da Anatel
Vinicius Caram, superintendente de outorga e recursos à prestação da Anatel

O país foi incluído na lista dos interessados em utilizar a frequência com telefonia móvel. A partir disso, abriu-se a possibilidade de revisão do regulamento atual, que destina 100% da faixa para o WiFi. Mas isso não significa que haverá fatiamento.

Em reunião do Conselho Consultivo da agência, nesta segunda-feira, 5, o superintendente de outorgas e recursos à prestação da Anatel, Vinícius Caram, explicou que os técnicos estão trabalhando em três possibilidades: deixar tudo como está, ou seja, 6 GHz apenas para uso não licenciado (WiFi); dividir a faixa, deixando a parte baixa para o WiFi e a parte alta para o móvel; ou dividir a faixa entre WiFi e o IMT (celular), mas permitindo o uso integral pelo WiFi indoor.

No primeiro caso, uso integral, há previsão inclusive de autorização para uso outdoor. Caram ponderou, entretanto, que não existem equipamentos no mundo compatíveis com tal modelo.

A divisão, com limites claros entre os serviços, entre parte alta (IMT) e baixa (WiFi) tem vantagens, a seu ver, como a otimização do insumo, que poderia gerar valor para dois modelos de uso que necessitam da frequência.

Por fim, a divisão, com a possibilidade de uso integral dos 6 GHz pelo WiFi indoor, da parte baixa pelo WiFi outdoor e da parte alta pelo IMT é o novo caso em avaliação.

Tal estratégia é única no mundo e ainda passará por estudos técnicos aprofundados. Segundo Caram, já foram realizadas simulações em computador, que mostram viabilidade deste cenário. “Fizemos reuniões com as operadoras para começar os testes de uso das duas tecnologias, para entender a possibilidade de convivência. A princípios, é possível por causa do modo como funciona o protocolo do WiFi”, comentou na reunião do Conselho Consultivo.

Insumo disputado

A faixa de 6 GHz é considerada nobre tanto pelas operadoras de telefonia celular, por deter a maior quantidade de espectro contínuo em banda médias ainda livre, quanto pelas desenvolvedoras de tecnologias WiFi. Por isso, é alvo de disputa intensa no Brasil e em outros país. Na China, por exemplo, foi destinada ao celular. Nos EUA, ao WiFi.

Aqui no Brasil, duas entidades apresentam-se em lados opostos na disputa: a GSMA, representando as operadoras móveis, diz que a faixa será importante para o aumento da demanda por banda larga móvel no futuro. Já a WiFi Alliance diz que a tecnologia WiFi é utilizada por bilhões de pessoas no mundo e já se encontra no limite devido à carência de espectro, além de competir com outros usos não licenciados, como Bluetooth ou Zigbee.

Na mesma reunião do Conselho Consultivo desta segunda-feira, Abraão Balbino, superintendente executivo da Anatel, apontou questões fundamentais ao debate. Segundo ele, o que está em pauta são caso de uso futuros, como realidade virtual e aumentada, que exigem muita banda e baixa latência. A seu ver, ambos os lados estão forçando a barra a fim de obter maior vantagem na discussão.

“Esses casos de uso são de banda larga fixa ou móvel? As pessoas vão andar na rua usando? Esse tipo de coisa é uma grande dúvida dos fabricantes e junto às operadoras. O que a Anatel vai fazer é entender o que se imagina em termos de crescimento trafego e uso de banda para decidir. Para o WiFi, a questão que fazemos é porque querem mais que o dobro de tudo o que se tem até hoje para este serviço. O que não vamos fazer é reserva de espectro. Em Dubai buscamos a liberdade para a tomada de posição”, concluiu.

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