SBT, RedeTV e Record querem cobrar pela presença na TV paga

Juntas na joint venture Simba Content, SBT, RedeTV e Record dizem que publicidade migrou para o online e que operadores pequenos de TV por assinatura podem abrir mão de margem para pagar pelo carregamento dos canais abertos

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Em nova etapa da briga entre SBT, Record e RedeTV e os distribuidores pequenos de TV paga da Associação Neo, as emissoras admitem que planejam cobrar pelo carregamento dos canais lineares nos pacotes de televisão por assinatura.

Atualmente, os canais são cedidos às distribuidoras por ordem do Cade, que em 2016 aprovou a criação da Simba Content, joint venture do trio para comercialização conjunta de conteúdo audiovisual. A autarquia autorizou, à época, o funcionamento da empresa por seis anos. Determinou, ainda, que o sinal dos canais lineares fosse carregado livremente pelas pequenas operadoras de TV paga.

Este ano, a Simba Content pediu a prorrogação para além daqueles seis anos, e que o aval aconteça sem quaisquer remédios. A Superintendência-Geral do Cade acatou o pedido, alvo de recurso da Neo. Esta afirma que a renovação da Simba sem condicionantes será danosa aos pequenos distribuidores de TV Paga. Por isso, o colegiado do Cade vai julgar o caso se o recurso da entidade for aceito.

O que diz a Simba

No dia 27, a Simba, enviou ao Cade documento no qual rebate argumentos da Neo. Diz que não detém poder de mercado e que sua criação não alterou os porcentuais de concentração no segmento de licenciamento de canais de TV. Afirma que o setor mudou e é preciso enquadrar também plataformas de streaming entre os competidores.

“A Simba passou a negociar o licenciamento dos canais de SBT, Record e RedeTV para plataformas de streaming. Diversas OPPs associadas à NEO que têm esses canais licenciados gratuitamente para a TV por assinatura já celebraram contratos de licenciamento oneroso para distribuição em plataformas de streaming junto à Simba”, alega.

A empresa diz, porém, que apesar de ter a intenção de negociar o licenciamento dos canais abertos para inclusão na grade de TV paga, não tem incentivos para praticar preços “supra competitivos”.

Uma vez que hoje em dia não recebe nada, qualquer valor já seria interessante, resume. “No contexto atual, em que as emissoras disputam audiência e receita publicitária com novas plataformas e precisam de recursos para investir em conteúdo e tecnologia, a Simba teria incentivos para negociar um preço razoável com as OPPs para auferir alguma receita pelo licenciamento dos canais de suas sócias. Em suma, qualquer preço maior que zero seria atrativo para a Simba“, escreve na manifestação.

Defende, ainda, que as operadoras pequenas podem diminuir sua margem de lucro “depois de terem auferido por anos o benefício econômico de cobrar de seus assinantes conteúdo que receberam a custo zero”.

Argumenta, ainda, que o dinheiro de propaganda, que antes sustentava a TV aberta está minguando. Cita estudo da Kantar Ibope Media, pelo qual 68% do investimento publicitário em 2022 foi para vídeo online (Youtube, Netflix, Globoplay etc).

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Rafael Bucco

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