Provedores de internet: processos de venda serão concluídos até dezembro

Dos cinco casos famosos em andamento, a maioria deve ter seu fechamento antes do final. Mês que vem devem ser assinados os contratos definitivos, com cláusulas vinculantes da venda da Sumicity, provedor do interior fluminense.

O mercado de investidores em segmentos de infraestrutura, de fornecedores de equipamentos passivos e ativos de rede e de provedores de acesso à internet, além de consultorias e escritórios de advocacia, acompanha com interesse os cinco processos mais famosos de consolidação e compra de empresas regionais de telecomunicações. Alguns deles começaram no ano passado, como o de consolidação de cinco provedores (oito empresas) da Zona da Mata de Minas Gerais. Outros são mais recentes como o da venda da Sumicity, operadora fluminense com presença em três estados e mais de 50 mil clientes.

Estes não foram os primeiros. Nos três anos anteriores, Invest Tech e Axxon compraram participação minoritária na America Net, o primeiro movimento; o fundo Pátria comprou cinco provedores consolidados na Vogel Telecom; e a Acon Investimentos comprou duas empresas regionais de cabo — Cabo Telecom, de Natal, e Forte Multiplay, de Fortaleza —, mas a partir dai passou a lançar fibra.

Os cinco processos atuais, todos em fase adiantada de auditoria, envolvem um conjunto de 12 empresas regionais de internet e serviços de comunicações, fundos de investimentos e dois advisors – um deles cuida de dois processos e outro de três. A expectativa é de que todos estejam fechados até dezembro – o fechamento implica a transferência do controle da empresa ou do grupo de empresa.

Embora tenha sido objeto de grande especulação no mercado – durante o evento nacional da Abrint, realizado no início de junho, em São Paulo, o assunto de destaque era a venda da Sumicity -, o processo ainda está em andamento. Fontes próximas ao negócio dizem que mês que vem devem ser assinados os contratos definitivos, o que deveria ter ocorrido em junho, segundo as previsões iniciais.

E até o final do ano a Sumicity, empresa com sede em Carmo, interior do Rio de Janeiro, referência de empresa de sucesso no mercado de provedores regionais deixará de ser uma empresa familiar para passar ao comando de uma gestora de fundos de investimento.

A Sumicity foi criada para atender a uma necessidade imediata da família Gomes: interligar duas unidades de sua rede de lojas. Como na cidade não havia profissional disponível para a tarefa, Vicente Sergio da Silva Gomes, filho do dono, recém formado em análise de sistemas, decidiu encarar a tarefa. Construiu uma empresa eficiente, cuidou da sua profissionalização e da expansão da rede — 8.550 quilômetros de fibras ópticas, que este ano chegaram ao Espírito Santo. No caminho, recebeu a oferta de compra.

Nessa rodada, a Acon está de volta às compras. Seu foco de interesse é o provedor Direta Comunicações, que atua em Guaxupé, no Sudoeste de Minas, e cidades da região. Segundo os registros da Anatel, com esta razão social tem 6 mil clientes.

Consolidação

Com a atuação concentrada em oito pequenas cidades da Zona da Mata mineira, no Oeste do estado, Manoel Santana, CEO da Via Real, criada em 1999 ainda como provedor de internet discada, entendeu que o melhor caminho acrescentar valor ao seu negócio e buscar um possível comprador, no futuro, era ganhar músculos por meio da consolidação.

A ideia foi ganhando força e amadureceu a partir de consultorias realizadas por especialistas. A Via Real se juntou a outros quatro provedores, que somam oito empresas, e que estão em processo de auditoria para serem compradas, como uma empresa consolidada, por um fundo de investimento. Os envolvidos na condução do processo esperam que o negócio seja concluído ainda este ano.

Ao contrário da Sumicity, a Via Real não nasceu para suprir uma necessidade. Santana, dentista de formação, viu no então incipiente mercado da internet do interior do país, uma oportunidade de negócio. Trocou de ramo e investiu no mundo da conexão.

Fez de seu pequeno provedor uma empresa de ponta. Inovou sempre. Passou do rádio à fibra, buscou a associação entre empresas, financiou coletivamente uma solução de set up box e gateway que fosse mais barata para levar vídeo à casa do cliente, criou um sindicato para defender os interesses empresariais dos provedores. Gerou muita polêmica, mas perseguiu exatamente o plano traçado.

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Lia Ribeiro Dias

Seu nome, trabalho e opiniões são referências no mercado editorial especializado e, principalmente, nos segmentos de informática e telecomunicações, nos quais desenvolve, há 28 anos, a sua atuação como jornalista.

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