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Para analistas, desafio do novo iPhone é recuperar mercado

Preço alto do modelo mais sofisticado da empresa, o iPhone X, pode proporcionar margem para compensar lucro menor com modelo de entrada em mercados emergentes.
O novo iPhone X, da Apple
O novo iPhone X, da Apple

A Apple lançou ontem, 12, seus novos modelos de smartphone e a nova edição de seu smartwatch. Imediatamente os consultorias se debruçaram em analisar as inovações colocadas nos produtos e quais desafios eles terão de enfrentar.

O primeiro é encarar o avanço do Android. O sistema equipa, nos Estados Unidos, 64,1% dos celulares, com indica a Kantar Worldpanel Comtech. Na Europa, o Android tem 77,3% do mercado.

No segundo trimestre, a Apple cresceu 2,6% nos EUA, enquanto a Samsung, campeã local de vendas, 2,5%. “O que é impressionante, uma vez que o consumidor estava na expectativa do lançamento de novos produtos”, diz Dominic Sunnebo, responsável pelo levantamento.

Sucesso à frente

Ian Fogg, diretor da IHS Markit, é um dos que aposta no sucesso da maçã. Acredita que a fabricante pode surpreender em vendas de seu aparelho topo de linha, o iPhone X. “A Apple sempre tem vendas melhores quando renova o design de seus aparelhos”, diz.

Segundo ele, a empresa conseguiu a façanha de criar um celular com tela praticamente sem nenhuma borda em todos os quatro lados. “O melhor que a competição fez até hoje foi praticamente não ter bordas em três dos quatro lados”, acrescenta.

O consultor lembra diz que a estratégia comercial é arriscada, mas correta. O novo iPhone é caro (US$ 999), enquanto os outros modelos (iPhone 8 e 8 Plus) saem mais em conta (US$ 699). Além disso, o X começa a ser vendido no exterior (sem previsão para o Brasil ainda) em 27 de outubro, enquanto o 8 chega às lojas em 29 de setembro

“A empresa corre o risco de ver o iPhone 8 encalhar enquanto o consumidor aguarda pelo modelo superior”, sugere Fogg. “Mas manter o segredo sobre o iPhone X e fazer um segundo lançamento de produto em outubro seria prejudicial à imagem da empresa”, completa.

Sobre o preço alto, ele acredita que o consumidor tradicional da Apple não irá refrear a compra. “O iPhone X vai vender muito porque a Apple constantemente demonstra habilidade em convencer seus clientes a gastar mais. Além disso, o preço da versão mais em conta é apenas US$ 33 mais caro que o melhor iPhone 7 Plus”.

Por fim, lembra que o sucesso da Apple não deve ser medido pela quantidade de iPhones vendidos. “A Apple é fabricante de smartphones mais bem sucedida do mundo por causa das receitas que obtém, não porque vendeu 1,2 bilhão de iPhones nos últimos dez anos”, conclui.

Volume de vendas

Jeff Orr, diretor de pesquisa da ABI Research, é mais reticente. Para ele, o novo modelo mostra que a empresa sofre para recuperar a liderança do mercado mundial. A grande dificuldade é ser capaz de vender seus produtos para públicos diferentes, do consumidor capaz de pagar quase mil dólares pela unidade, àquele que almeja um iPhone, mas não é capaz de arcar com tal custo.

“Em mercados sensíveis ao preço, como o da Índia, as vendas do iPhone, mesmo a versão mais barata, se arrastam”, diz o analista. Para ele, a Apple ainda não conseguiu desenvolver um modelo de negócio em smartphones capazes de atende a todos.

Mas, a estratégia de lançar um iPhone com preço acima de US$ 1 mil pode ser benéfica. Orr acredita que isso deixa claro a investidores que a empresa vai trabalhar em duas frentes. Com o iPhone X, foco total no mercado premium. Com o iPhone SE, poderá avançar sobre segmentos intermediários.

“O lucro possível com o iPhone X vai compensar a redução de margens com o iPhone SE no mercado low end”, defende. Alerta, no entanto, que os fornecedores de componentes ainda não iniciaram a produção de grandes volumes de peças para o X. “Por isso, esperamos que as vendas do novo modelo seja limitada neste ano e na primeira metade de 2018”, diz.

Os novos aparelhos

O iPhone 8 sobre a base sem fio de recarga de bateria, ao lado do Watch e dos fones Bluetooth da emrpesa
O iPhone 8 sobre a base sem fio de recarga de bateria, ao lado do Watch e dos fones Bluetooth da emrpesa

A Apple apresentou ontem três novos aparelhos: o iPhone X, que será seu modelo premium, mais sofisticado; e os iPhones 8 e 8 Plus.

Todos usam um novo processador criado pela empresa, batizado A11 Bionic, com dois núcleos de alto poder de processamento e mais quatro núcleos de baixo consumo de energia, que se revezam nas tarefas do aparelho. O acabamento agora é todo em vidro, reduzindo, segundo a empresa, interferência do manuseio nas antenas. Isso também facilita o carregamento sem fio, finalmente introduzido nos modelos.

Os iPhones 8 e 8 Plus têm as mesmas telas da geração anterior (4,7″ e 5,5″), mas com melhor equilíbrio de cores. Já o X tem uma tela de 5,85 polegadas, OLED (antes a Apple usava LCD). Sem botão “home”, o novo aparelho usa gestos para navegação. E traz desbloqueio através de reconhecimento facial. Ambas as câmeras traseiras têm 12 MP de resolução (f1.8 e f2.4), com estabilização óptica.

O novo AppleWatch, que se conecta a redes 4G.
O novo AppleWatch, que se conecta a redes 4G.

Já o AppleWatch recebeu capacidade de se conectar a redes móveis LTE (4G), sem depender de um iPhone por perto. Custa entre US$ 329 e US$ 399 (versão com rede móvel). Mas ainda não funciona nas redes LTE de qualquer operadora. As teles com rede compatível, por enquanto, são AT&T, Sprint, T-Mobile, Verizon, Bell e Telus na Améria do Norte; China Unicom, Au, DoCoMo e SoftBank, a Ásia; EE, Deutsche Telekom e Orange France, na Europa.

A Apple anunciou também a nova edição da AppleTV. O aparelho agora é capaz de exibir conteúdo em 4K (em televisores com tal resolução) e em HDR (regulagem dinâmica de contraste e brilho). Custa US$ 179.

E lançou a nova versão do iOS 11, que traz recursos para desenvolvimento de aplicativos de realidade aumentada, aprendizagem de máquina e a Siri compatível com mais línguas além do inglês.

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