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TV paga

Sky: custo de programação e pirataria serão determinantes para o futuro da TV paga

Para o CEO da Sky, alto custo da programação impede a chegada da TV paga a novos mercados, enquanto pirataria retira clientes tanto da TV por assinatura tradicional, quanto dos OTTs.

O CEO da Sky, Estanislau Bassols, afirmou hoje, 18, que o custo da programação audiovisual precisa cair no Brasil para que a TV paga tenha longevidade. Da mesma forma, a pirataria precisa ser duramente combatida.

Segundo o executivo, a população carece ainda de acesso ao conteúdo no interior do país, e a melhor alternativa para atender esse contingente depende de preços mais baixos que os praticados atualmente.

“Se não abaixarem os custos em dois dígitos, a gente tem um problema. Se eu não vender para esse cliente, vou focar onde é rentável, nos centros, e vai cair a margem do programador”, ressaltou. Ele participou do Pay TV Forum, evento realizado pelo site Teletime, nesta manhã.

O executivo disse ainda que a Sky gasta muito dinheiro todo ano para conquistar novos clientes e evitar que a retração no mercado de TV paga seja mais acentuada do que vem sendo nos últimos anos. Se os programadores não negociarem seus preços, a consequência será a perda de grande número de clientes.

Bassols vê com ceticismo o caminho trilhado por programadores de lançar aplicações próprias. E diz que a capacidade das programadoras e produtoras em atrair clientes para suas ofertas “direct to consumer” (D2C) vai demorar mais para dar resultados positivos do que trabalhando para encontrar oportunidades no mercado atual de TV paga, ainda que em retração.

A Sky, disse, tem o papel de correr atrás do cliente para as programadoras e manter o consumo do conteúdo nos patamares sustentáveis. “A gente consegue manter volumes, mas encontrando condições boas de negociação. Da mesma forma, sem negociação, eu consigo fazer o contrário, parar de vender no interior, gerando receita e caixa de forma rápida para a Sky, mas derrubando a receita do programador”, destacou.

Outra saída seria destinar os ativos que possui em distribuição e manutenção para prestação de serviços, abrindo novas fontes de receita. “Eu poderia apostar no futuro e aproveitar a capacidade de distribuir e atender e prestar o serviço de valor adicionado. Eu posso alavancar esse asset para pay TV ou diminuir para pay TV”, lembrou.

Pirataria

O executivo disse que a estratégia das programadoras hoje impõe obstáculos à negociação por conta de como o mercado era acirrado dez anos atrás. Agora, a situação mudou. A seu ver, todos os integrantes da cadeia de TV paga precisam sentar, negociar e se unir coletivamente para combater um inimigo comum: a pirataria.

Segundo ele, o mercado vive uma transição de modelos, em que serviços OTT são complementares à TV paga tradicional. É preciso haver isonomia na competição, como o mesmo nível de tributação. Mas a pirataria não paga nem imposto, nem direitos autorais, prejudicando todo mundo.

“Hoje, meu maior competidor não é o streaming, que me complementa. É a pirataria. Se estamos discutindo por causa de uma diferença de 11% e 18% de impostos, imagine zero? Competir com quem paga zero de imposto? Zero de custo com programação?”, lembrou. E citou números da ABTA, cujos cálculos estimam que os piratas faturem até R$ 9 bilhões por ano no país.

Ele prevê ainda que o papel da operadora deve mudar para ser um agregador do conteúdo. Da mesma forma como um shopping center reúne diferentes lojas, a operadora pode se tornar uma plataforma onde o conteúdo dos diferentes apps é reunido.

“Não me importo em ser um shopping center. Olhando outros momentos históricos vemos aumento grande de serviços, então as pessoas se cansam de ter de procurar um a um pelo conteúdo que desejam a passam a querer um agregador. No momento temos muita desagregação no D2C, e as pessoas vão querer em breve essa agregação”, falou.

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