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Mercado já previa a venda, pela Oi, do direito de receber dividendos da Unitel

Operadora poderá focar investimentos em fibra e negociar com menos urgência a venda de outros bens, segundo analistas.

Apesar da acentuada queda no preço das ações da Oi nesta sexta-feira, 24, justamente quando a empresa finalmente confirmou a venda por US$ 1 bilhão dos ativos que possuía na África, a expectativa de analistas de mercado continua positiva em relação à recuperação do grupo.

Às 16h50, os papeis ordinários OIBR3 caíam 10,28%, vendidos a R$ 0,96. Os preferenciais tinha desvalorização de 5,81%, e eram comercializados por R$ 1,45 na B3. Ainda assim, na semana, a valorização era de 5,5%, e em janeiro, de 11,63%.

O volume de vendas de ações hoje, que está levando à queda nos papeis da Oi, é visto com naturalidade diante de uma semana em que houve forte alta. “O volume é na maior parte de pessoa física, fundos constituídos por pessoas físicas, não é por grande investidor. Isso significa que os papeis se valorizaram desde o começo da semana porque efetuaram as compras com base na expectativa, e agora vendem em busca do lucro diante da concretização do fato”, explica o analista.

O Tele.Síntese apurou que os cálculos dos analistas de mercado já consideravam que a venda do ativo contemplasse não apenas a participação social na Unitel, como também a fatia da Multitel e os dividendos devidos pela Unitel à PT Ventures. “Foi um ótimo negócio e que mostra a credibilidade de Rodrigo Abreu”, falou um analista, para quem o dinheiro permitirá à Oi seguir mais tranquila o plano de recuperação.

A percepção é de que Angola está em crise, indo para o quarto ano seguido de recessão, e sair de lá recebendo todos os dividendos seria muito pouco provável, para não dizer impossível. Além disso, houve queda no preço do petróleo no período, o que reduziu a entrada de dólares e desvalorizou o kwanza, moeda local, tornando qualquer negociação de venda de ativos com remessa de capitais mais complicada. Brigas internas e disputas políticas tornaram também os ativos menos atraentes para investidores externos.

Fôlego renovado

A entrada do dinheiro novo na Oi, juntamente com os valores vindos da emissão de debêntures em dezembro, dá fôlego para que a operadora estude melhor suas alternativas, segundo Ari Lopes, da consultoria Ovum. Ainda assim, apesar de todo esse capital entrante (pouco mais de R$ 6,5 bilhões), a venda do Oi Móvel continua a fazer muito sentido.

“O dinheiro novo não resolve todos os problemas subjacentes. A empresa ainda precisa fazer grandes investimentos em fibra para contemplar seu plano estratégico. Com o móvel, teria de aportar dinheiro também em celular – um desvio de atenção que pode não compensar. Agora passa a ter condições de avaliar isso com mais calma”, afirma.

Outro fator também deu mais tempo à companhia: o adiamento do leilão de frequências 5G. No certame, além do espectro para a quinta geração, haverá a venda da faixa de 700 MHz para a Oi ou um entrante, uma vez Claro, TIM e Vivo já possuem tal frequência. “O leilão 5G que era previsto para março do ano passado, agora ficou para final desse ano, talvez ano que vem. A empresa tem também outros ativos que pode vender. Como o cenário de urgência se resolveu um pouco, as negociações melhoram”, ressalta o especialista.

Por fim, ele lembra que a tele tem dois anos para concluir seu turnaround e passar a ganhar mais clientes em FTTH do que os que perde em xDSL. “São dois anos críticos em que ela vai se voltar com foco total ao varejo e atacado na banda larga fixa. A boa notícia é que o retorno do investimento em fibra vem rápido”, conclui.

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