Na trilha da banda larga

A indústria aumenta produção e portfólio para atender à demanda de ISPs.

O TeleSíntese.com.br está publicando, periodicamente, os textos que integram o Anuário Tele.Síntese de Inovação 2018. A versão integral do Anuário pode ser baixada aqui, em formato PDF.

Na trilha da banda larga

O reflexo da expansão do mercado brasileiro de ISPs é sentido em várias áreas, como o impulso econômico em pequenos municípios ou a inclusão digital em regiões não atendidas pelas operadoras. O segmento de fornecedores de infraestrutura e equipamentos para banda larga está entre os que têm motivos para comemorar. As empresas
registram crescimento em suas receitas, investindo no aumento de capacidade de produção e no portfólio. A concorrência também aumentou e mesmo fabricantes que antes se dedicavam ao mercado de grandes operadoras começam a prestar mais atenção aos provedores regionais e a redirecionar suas estratégias comerciais.

“Nos últimos dois anos nós dobramos a carteira de clientes”, comenta Celso Motizuqui, gerente comercial da Furukawa. Segundo o executivo, além dos contratos com as empresas que atuam há algum tempo nesse mercado, há uma demanda que vem sendo estimulada com o surgimento de novos ISPs, principalmente neste ano. A área de provedores e operadoras responde por 45% do resultado da empresa e, em 2017, pela primeira vez as vendas
para os ISPs superaram as das operadoras.

O faturamento da Furukawa Electric Latam no exercício de 2017, encerrado em março deste ano, foi
de R$ 901 milhões, uma expansão de 16% que deverá se repetir neste exercício. “Isso nos levou a aumentar o investimento na área de cabos ópticos para aumentar a capacidade de produção em 20%”, observa. A empresa está investindo R$ 43 milhões na expansão dessa linha de produção, na de acessórios e em software embarcado para as soluções GPON.

“Nossas vendas para esse mercado têm crescido mensalmente assim como nossas equipes de vendas”, comemora Filipe Knabben, analista de produtos e responsável pela marca Multilaser Pro, dedicada a provedores. Com um portfólio amplo de produtos em diversas áreas, a Multilaser oferece roteadores personalizáveis, cabos e passivos de fibra óptica. No caso da fibra, as parcerias da Multilaser são com a FiberHome e Sumec e, no de passivos, apenas com a FiberHome. Em abril deste ano, entrou no mercado de soluções GPON ao lado da gigante chinesa ZTE.
Na Intelbras, o ritmo também é de expansão.

“Nós esperamos crescer aproximadamente 30% este ano e os provedores têm grande colaboração nesse desempenho. No ano que vem, o mercado deve continuar aquecido”, enfatiza Amilcar Scheffer, diretor da Unidade de Redes da empresa. Nessa expansão, o Nordeste se destacou, representando cerca de 30% da receita da empresa
que, no ano passado, foi de R$ 1,6 bilhão. Para o ano que vem, quando a Intelbras quer atingir uma receita de R$ 2 bilhões, o Nordeste continuará como mercado alvo, mas a empresa aposta também na expansão do mercado de ISPs no Norte e até no Centro-Oeste, em função da chegada da tecnologia no campo.

A demanda aquecida no mercado de ISPs tem estimulado novos investimentos. A Fibracem é um desses exemplos. No primeiro semestre, investiu R$ 4,8 milhões em P&D, 35% superior ao que foi aplicado durante todo o ano passado. Segundo a CEO, Carina Bitencourt, até junho foram lançados 15 produtos e a perspectiva é de que até
o início de 2019 sejam lançados mais seis.

Para contornar o problema do acesso a crédito por parte dos ISPs, os fabricantes têm feito cada vez mais esforços para financiar a compra de seus clientes. “É um trabalho constante e além de financiarmos as compras também procuramos sensibilizar os bancos sobre o potencial desse mercado”, relata Motizuqui, da Furukawa. A Multilaser
também tem utilizado recursos próprios para garantir o financiamento, uma iniciativa que deverá continuar mesmo com a parceria com a ZTE, pois a fabricante chinesa já disse que dificilmente conseguirá recursos na China para esse fim.

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Wanise Ferreira

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