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Intelbras e Qualcomm firmam acordo para a produção de CPE 5G no Brasil

Os CPEs, com compatibilidade com 5G Standalone e WiFi 6E, terão chipsets da Qualcomm e serão produzidos na fábrica matriz da Intelbras, em Santa Catarina. Produtos serão utilizados em conexões de banda larga fixa baseada em 5G, chamadas de FWA

Qualcomm e Intelbras

A Qualcomm e a Intelbras iniciaram uma parceria para desenvolver o primeiro CPE Fixed Wireless Access (FWA) habilitado para 5G e Wi-Fi 6, com design e produção no Brasil. O acordo prevê que a Intelbras seja uma licenciada da Qualcomm, recebendo transferência de tecnologia da estadunidense.

Os CPEs funcionam como modem cuja conexão com a operadora ocorre por meio do ar, prometendo a não necessidade de cabos ou fibra e menos pontos cegos no ambiente. Os aparelhos da Intelbras serão equipados com sistema Snapdragon X62 5G Modem-RF e soluções de WiFi 6 e 6E da Qualcomm. A tecnologia será compatível com 5G Standalone em todas as frequências que entrarão no leilão 5G do Brasil, além do 5G DSS, 4G e 3G. A parceria começou a ser planejada ainda no fim de 2020.

O planejamento para o lançamento do produto leva em consideração os 300 dias que as operadoras terão após o leilão para implantar a 5G. “Antes disso, nós já precisamos ter toda a nossa estrutura pronta”, afirmou Altair Silvestre, CEO da Intelbras, em entrevista ao Tele.Síntese. A parceria deverá apresentar mais detalhes sobre o CPE em 2022, quando ele se tornará comercial.

O lançamento é estratégico por conta da escassez de semicondutores que tem afetado duramente o mercado, interrompendo atividades e encarecendo produtos. Os parceiros preveem o fim do desabastecimento para 2022, assim como 44% das empresas no Brasil, segundo sondagem da Abinee.

O produto ainda está em fase de desenvolvimento e será produzido na matriz da Intelbras, no município de São José, em Santa Catarina, e contará com incentivos fiscais do PPB (processo produtivo básico). As empresas não revelaram o preço do CPE por motivos estratégicos, “para não atiçar a concorrência”, diz Amilcar Scheffer, diretor da unidade de Redes da Intelbras. No entanto, a expectativa é de que o preço do CPE despenque em relação aos parâmetros atuais, a ponto de competir com outras formas de ativação de conectividade, como a fibra óptica.

Os compradores em potencial são as operadoras móveis e ISPs que trabalhem com 5G. “Temos um relacionamento longo e próximo com os ISPs (Provedor de Serviços de Internet) e operadoras de telefonia, essas são características próprias que vão permitir que a Intelbras facilite a pulverização das tecnologias WiFi e 5G no país”, disse o executivo.

CPE no mercado brasileiro

Luiz Tonisi, presidente da Qualcomm America Latina, destaca que o CPE pode significar mais uma fonte de renda para operadoras. Ele permitirá levar o acesso FWA para empresas, indústrias. “Onde tiver uma conectividade 5G vai poder ter acesso a banda larga com experiência de fibra”, afirmou. A Qualcomm tem observado uma ampla adesão a essa tecnologia no mundo e “esperamos que aqui no Brasil a adesão seja ainda mais rápida”.

Para os incluídos no acordo, o FWA terá papel fundamental em levar a 5G aos lugares mais remotos que a 4G ainda não alcançou. Nesse caso, usar conectividade FWA possibilitaria maior democratização da internet.

A expectativa de venda das empresas se baseia em uma pesquisa feita pelo governo e pela indústria, segundo a qual o FWA ocupará 20% do mercado de banda larga em 2026. Altair Silvestre comentou que esse número pode ser ainda maior, “mas não se pode sonhar muito alto”. Mas essa alta projeção tem como base os mercados externos e ainda não pode ser confirmada, tendo em vista a forte expansão da fibra óptica no país.

Com o tempo, a expectativa é de que o CPE 5G esteja disponível para varejo, e o cliente poderia ativar o serviço com alguma operadora posteriormente. Ou seja, adquirir o modem seria como comprar um smartphone.

Potenciais clientes

No material oficial de divulgação da iniciativa, as empresas trazem depoimentos de Algar, Claro – que lançou rede 5G DSS ano passado -, TIM -que entrou no mercado de FWA 5G ano passado com projetos pilotos –, Americanet, e Highline. Todos, potenciais clientes.

“A Claro saúda o pioneirismo e a inovação da parceria da Qualcomm Technologies e da Intelbras, iniciativa importante para fomentar o ecossistema de dispositivos e aplicações compatíveis com as redes móveis de quinta geração, complementando os investimentos que a operadora vem fazendo para implantar e evoluir essa tecnologia no nosso país”, afirma Paulo César Teixeira, CEO da unidade de consumo e PME da Claro.

Para Leonardo Capdeville, CTIO da TIM Brasil, a produção local de equipamentos para a futura rede 5G pode ajudar as operadoras a agilizar a implantação e desenvolvimento da infraestrutura, além de impulsionar a economia nacional voltada à tecnologia: “Acreditamos que todos os esforços para colocar em prática projetos 5G em grande escala são bem-vindos. A TIM trabalha com o 5G FWA desde o ano passado e investe na ampliação da oferta para atender à crescente demanda por serviços inovadores”.

“Apostamos na tecnologia 5G e principalmente no serviço FWA, pois além de ser inovador, vai promover algo totalmente disruptivo, desenvolvendo novos setores até então não explorados, tanto no B2C como no B2B Verticais. A solução Wi-Fi 6 enfrentará uma nova demanda latente principalmente nas residências: qualidade do sinal Wi-Fi para alto consumo de tráfego de dados. Vemos a colaboração entre Qualcomm Technologies e Intelbras como muito promissora”, afirma José Luiz Pelosini, vice-presidente da Americanet.

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, saudou a iniciativa ressaltando que  ” a conectividade 5G como suporte para o futuro das telecomunicações é essencial para o desenvolvimento do nosso ambiente de negócios”. E o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, completou:  ” nos posiciona na vanguarda da transformação digital e traz um grande avanço tecnológico para a evolução do ecossistema de expansão do 5G no país”. E o presidente da Anatel, Leonardo de Morais, assinalou que a “iniciativa não poderia vir em momento mais oportuno”.

 

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