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CGI.br vê riscos e quer revisão do projeto da usina na Praia do Futuro

CGI.br entra no debate e também defende mudança da usina para outra praia, a fim de não gerar riscos à internet brasileira

JADEQUEIROZ_PRAIA_DO_FUTURO_FORTALEZA_CE Wikimedia Commons

O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) se manifestou publicamente a respeito do projeto de construção de uma usina de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza (CE). Para o organismo, há potencial impacto e “grande risco às infraestruturas de telecomunicações e Internet já instaladas neste local”.

A usina será construída pelo consórcio Águas de Fortaleza para a Cagece, a companhia de águas do Ceará. As operadoras brasileiras e a Anatel se opõem ao local da obra. Sustentam que a Praia do Futuro é local de chegada de cabos submarinos internacionais, e que a magnitude da usina pode colocar em risco a internet no Brasil e até na América do Sul.

Em sua nota, o CGI.br afirma que respeita e apoia a iniciativa cearense de buscar uma solução para a segurança hídrica do estado. Mas aponta que o local escolhido não é o mais apropriado por conta da relevância para a internet brasileira.

Por isso alerta as autoridades locais do Ceará para que “promovam novos estudos com as garantias necessárias para eliminar as possibilidades de riscos à infraestrutura crítica instalada de telecomunicação e Internet, podendo até considerar a hipótese de instalação da Usina em outro local”.

O hub de cabos submarinos

Fortaleza é ponto de chegada de 17 sistemas de cabos submarinos, um dos cinco maiores hubs do tipo no planeta. Ali há, além dos cabos e das estações de aterrissagem, 10 data centers. Isso fez da capital cearense o segundo maior ponto de troca de tráfego de dados do país, atrás apenas de São Paulo.

O CGI.br aponta que o ICPC – International Cable Protection Committee, entidade internacional que trabalha pela segurança do funcionamento da infraestrutura internacional de rede, indica medidas segurança não contempladas no projeto atual da usina.

Entre os quais, “as diversas interferências da rede de captação de água marinha e de descarte de salmoura com os cabos de fibra óptica de altíssima capacidade, tanto no leito marinho quanto nos dutos de transporte em terra, gerando risco de impacto severo, conforme os estudos citados, podendo provocar a interrupção das comunicações digitais no Brasil”.

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