Com 5G e OpenRAN, NEC espera voltar a ser relevante no mercado de telefonia móvel

Para a atuação como integradora a empresa tem parcerias com três fornecedores de software: Altiosatar, Mavenir e Parallel e fabricantes de servidores como HP, Dell, Super Micro e Lenovo. Entre as oportunidades está a RFP Global da Telefonica

O 5G e o Open RAN estão abrindo a oportunidade para a NEC voltar a uma atuação mais relevante no setor de telecomunicações também no Brasil. Depois do trial multivendor de carrier agregation em 5G, executado com a Fujitsu, na rede da NTT DOCOMO, a NEC espera consolidar sua estratégia OpenRAN e ampliar o perfil que tem hoje de fornecedora de rádios para uso em rede celular.

A NEC teve uma atuação relevante no país até a chegada do 3G com a tecnologia CDMA. Saiu do mercado de acesso quando o Brasil optou por mudar para TDMA e voltar para GSM. O CDMA evoluiu e a integração com GSM passou a ser um problema para a fabricante japonesa.

“Até o 4G, nosso problema era integração com a rede legada. O 5G muda o jogo por representar uma disrupção com uma rede nova, que não precisa da conexão com o GSM, que era o nosso problema. No 5G, estamos promovendo forte a interface aberta do Open RAN, que dá a oportunidade das operadoras saírem dos vendors tradicionais devido a uma diversificação maior de fornecedores”, explica Roberto Murakami, diretor da NEC.

Ele diz que o objetivo da empresa é se posicionar coma integradora e voltar a ser um vendor de soluções de acesso para redes 4G e 5G, numa arquitetura que reúne servidores, software, interface padronizada e a Radio Unit que vai presa na antena, além de tecnologias como MIMO.

OpenRAN

No ano passado, a empresa realizou um teste na rede da Vivo com uma solução OpenRAN para 4G com 12 sites em Juazeiro, na Bahia, com processamento centralizado em Salvador. Para a atuação como integradora a empresa tem parcerias com três fornecedores de software: Altiosatar, Mavenir e Parallel e fabricantes de servidores como HP, Dell, Super Micro e Lenovo.

Laboratório OpenRAN SP

Até o final do ano, será inaugurado em São Paulo um laboratório de OpenRAN, com parceiros, onde a empresa pretende testar soluções verticais, viabilizar provas de conceito e marcar seu posicionamento como integradora de redes 5G em plataformas abertas. Entre as possibilidades está o modelo de OpenRAN virtual montado no Japão para a operadora virtual Rakuten, que é 100% aberta.

“É possível criar redes greenfield, totalmente novas, sem contar com a rede legada. No Brasil, as redes tendem a ser brownfield, integradas com a rede 4G. Mas o OpenRAN da NEC já permite atender redes 4G. Um dos apelos do OpenRAN é redução de custos tanto de capex quanto de TCO. Uma das vantagens, é se a operadora tiver transporte dos sites para o datacenter, consegue concentrar todo o processamento digital das estações radio base, deixando no site apenas a RU”, esclarece Murakami.

Entre as oportunidades imediatas está a RFP global aberta pela Telefônica para contratar soluções de OpenRAN. No final de agosto, o CTIO da operadora, Enrique Blanco, declarou em artigo no portal Light Reading, que entre 2022 e 2025, até 50% dos novos investimentos em redes de acesso 4G e 5G devem ser baseados em OpenRAN. A RFP global da operadora prevê a contratação para os mercados da Espanha, Alemanha, Inglaterra e Brasil. A entrega das propostas está prevista para o final de outubro.

O OpenRAN prevê o uso de protocolos de comunicações abertos, com padrões globais. Hoje apenas três fornecedores dividem o mercado de redes de acesso – Ericsson, Nokia e Huawei – e mesmo assim acabam respondendo sozinhos por uma região, uma vez que os equipamentos não são interoperáveis.

No Japão, o teste na NTT resultou na primeira implementação de carrier agregation do mundo usando bandas de frequência 5G em uma rede de acesso de rádio de vários fornecedores (RAN). A agregação foi obtida usando as bandas de 3,7 GHz e 4,5 GHz designadas a redes 5G. Além dessa conectividade dupla, obtida pelo agrupamento de bandas LTE, foram alcançadas velocidades de downlink de 4,2 Gbps, permitindo a transmissão de dados ultrarrápida.

A interoperabilidade com equipamentos de estação radiobase 5G de diferentes fornecedores foi obtida em conformidade com as especificações estabelecidas pela Open Radio Access Network (O-RAN) Alliance.

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Carmen Nery

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