PORTAL DE TELECOM, INTERNET E TIC

Artigos do leitor

Schouten: A pirataria de live-stream e os riscos para a TV paga

Os dispositivos de IPTV tornaram-se uma praga para a indústria de televisão por assinatura, permitindo que as famílias vejam fluxos ilegais na TV como se estivessem assistindo televisão paga.
Diretor Sênior de Marketing de Produto da Nagra. (foto: divulgação)
Diretor Sênior de Marketing de Produto da Nagra. (foto: divulgação)

Por Christopher Schouten 

Com milhões de fãs no mundo todo, a Liga Inglesa Premier (EPL) é uma das mais excitantes ligas de futebol do mundo. Um fato menos conhecido é que a EPL é também uma das mais valiosas ligas esportivas de todos os tempos. Isto é em parte devido aos grandes acordos de TV que a liga assina com as emissoras a cada três anos. Destacando a gigantesca demanda por futebol de classe mundial, a EPL vendeu os direitos domésticos para transmitir seus jogos para as temporadas de 2016-2019 por um colossal valor de £ 5,3 bilhões – com direitos no exterior chegando a impressionantes £ 5,1 bilhões. Isso  traz uma enorme quantidade de dinheiro para o jogo,  levando a £ 90m em transferências e £ 300 mil os salários semanais, valores que se tornaram familiar aos leitores das páginas de esportes dos jornais.

Mas estamos começando a ver uma história completamente diferente para os detentores de direitos de TV. Um dos maiores deles, a Sky, viu seus lucros caírem 11% nos últimos nove meses, já que a emissora continua sendo atingida pelos custos crescentes do futebol da EPL ao vivo. Mas de onde vêm esses custos? Existem muitas opiniões sobre isso: de uma queda no número de espectadores de futebol ao vivo e da ascensão de vídeo streams ilegais.

A situação é complicada por conta da mudança nos padrões de consumo. Um relatório recente produzido na Europa  mostra que os espectadores estão trocando a TV paga por outras alternativas como OTT (Over-The-Top) e IPTV. Com uma grande variedade de sites piratas na internet, muitos torcedores se perguntam “por que pagar para assistir a um jogo de futebol pela internet quando eu posso fazer isso de graça?” E, crucialmente, apenas uma fração dessas pessoas está prestando atenção à  resposta óbvia: porque é ilegal.

A pirataria sempre foi perigosa para a indústria de televisão por assinatura. As formas tradicionais mais antigas de pirataria incluíam cartões inteligentes originais modificados (MOSC), cartões clonados e compartilhamento de palavras de controle. Estas e outras formas de pirataria de sinal foram amplamente eliminadas pela atual geração de sistemas de acesso condicional, sem mencionar o fato de que os piratas precisavam de conhecimento especializado de equipamentos caros para ter êxito no roubo de conteúdo. No entanto, à medida que a tecnologia da indústria de TV por assinatura se desenvolveu, os piratas também evoluíram e o compartilhamento de conteúdo via internet nasceu. Como era muito mais acessível ao consumidor médio, o compartilhamento de conteúdo online também representava um risco exponencialmente mais prejudicial para os operadores de TV paga. Conteúdos de origem pirata aumentaram a um ritmo rápido, criando sites de streaming ilegal onde é possível ganhar dinheiro com banners publicitários, anúncios pop-up e até mesmo malware. Mas a entrega via web nunca poderia recriar completamente a experiência de assistir a um conteúdo legítimo de TV paga nas telas grandes, até que os dispositivos IPTV dos piratas chegaram.

Os dispositivos de IPTV tornaram-se uma praga para a indústria de televisão por assinatura, permitindo que as famílias vejam fluxos ilegais na TV como se estivessem assistindo televisão paga. Para agravar o problema, a qualidade das caixas de IPTV também está melhorando, com muitos agora imitando uma verdadeira experiência de usuário de TV paga, incorporando serviços OTT como Netflix e interfaces de usuário mais sofisticadas. Tudo isso significa que a indústria de televisão por assinatura enfrenta séria concorrência quando se trata de pirataria moderna. Então, o que os provedores de conteúdo e as emissoras podem fazer para se proteger contra os piratas?

Em março, várias das principais emissoras do Reino Unido se reuniram para discutir a questão dos decodificadores preparados com todos os reprodutores multimídia de vários fabricantes – set-top boxes que vêm pré-carregado com terceiros plug-ins e add-ons. O mais proeminente destes é o plug-in baseado em media player do Kodi, que permite aos usuários copiar ilegalmente conteúdo pirateado para a sua TV. Não há nenhuma bala de prata quando se trata de campanhas anti-pirataria, no entanto, o principal objetivo é interromper a oferta e demanda de conteúdo ilegal, tornando a pirataria um negócio pouco atraente, não rentável e arriscado.

Uma decisão do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias em abril de 2017 pode trazer esperança a detentores de direitos de conteúdo, pelo menos na União Europeia. O Tribunal declarou ilegal a distribuição de set-top-boxes pré-carregados com qualquer software que permita aos usuários visualizar conteúdo ilegal. Com o tempo, isso dará aos proprietários de conteúdo legítimo uma base legal mais poderosa para combater a pirataria, mas, por enquanto, a luta continua.

Então, o que os proprietários de conteúdo e distribuidores podem fazer para continuar a lutar? Algumas das maiores organizações podem criar seus próprios programas antipirataria direcionados a proteger seu conteúdo. Entretanto, a ideia mais popular é contratar parceiros de segurança estratégica com experiência em monitoramento e proteção de conteúdo ao vivo e gravado e que atenda a clientes internacionais.

A terceirização da proteção de conteúdo permite que os provedores se beneficiem de um valoroso conhecimento acumulado por parceiros estratégicos de segurança, que compreendem a paisagem da pirataria e podem identificar onde e quando ferir os piratas que copiam e distribuem ilegalmente seu conteúdo.

Os serviços anti-pirataria devem inovar constantemente para garantir que estejam à frente na disputa contra os piratas. Com o futuro das transmissões esportivas ao vivo em jogo, as apostas são altas. O apito final ainda não soou, mas com a ajuda de sistemas de acesso condicional de última geração, gerenciamento de direitos digitais e tecnologias de marca d’água e serviços anti-pirataria, proprietários de conteúdo e distribuidores estarão melhor equipados do que nunca para assegurar que esta é uma competição que os piratas nunca irão ganhar.

*Christopher Schouten Diretor Sênior de Marketing de Produto da Nagra.

 

TEMAS RELACIONADOS

ARTIGOS SUGERIDOS