Maior parte do investimento em startups brasileiras vem do exterior

EUA, Alemanha e Japão são os países que mais investem em startups brasileiras, principalmente em rodadas acima dos US$ 50 milhões.
Maior parte do investimento em startups brasileiras vem do exterior - Crédito: Freepik
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O ecossistema de inovação brasileiro cresceu exponencialmente nos últimos anos, chamando a atenção de todo o mundo. Com isso, novas portas se abriram: investidores estrangeiros passaram a participar mais ativamente de aportes em startups do País. Eles estiveram presentes em 39% das 238 rodadas fechadas nos quatro primeiros meses de 2022 – 24% junto de investidores nacionais e 15% sozinhos. Os dados são do estudo Inside Venture Capital Report, realizado pela plataforma de inovação Distrito em parceria com o Bexs Banco, que faz o câmbio dos recursos no mercado de venture capital.

Em 2021, os investidores internacionais participaram de 33% das rodadas (23% com investidores brasileiros e 10% por conta própria). Os rounds mistos, que tiveram tanto fundos nacionais como estrangeiros, cresceram 142% em 2021 quando comparado ao ano anterior. Estados Unidos, Alemanha e Japão são os países que têm mais gestoras investindo em startups brasileiras quando considerada a quantidade de rodadas – juntos, assinaram mais de 700 deals nos últimos dez anos.

Segundo o estudo, os fundos estrangeiros entram principalmente em grandes cheques. Enquanto cerca de 24% das rodadas de até US$ 1 milhão dos últimos dez anos contaram com a presença desses investidores, os rounds acima de US$ 50 milhões tiveram 90% de participação de gestoras internacionais. Essa tendência é confirmada pelos estágios preferidos para entrada: 94% de todo o capital estrangeiro aportado em 2021 foram em rodadas de série A em diante, as chamadas late stage. Em termos de volume, é possível inferir que pelo menos dois terços de todo o capital investido nos últimos 5 anos vieram de fora do País.

Para Gustavo Gierun, CEO do Distrito, os investidores estrangeiros tiveram um papel fundamental no amadurecimento do mercado de venture capital no Brasil: “Nos últimos cinco anos, tivemos um grande crescimento de novas gestoras e volume de funding disponível para empresas de alto crescimento, mas ainda há poucos fundos brasileiros com condições de avançar para o growth stage. A chegada de fundos estrangeiros veio suprir a necessidade de capital de empresas mais maduras”.

A entrada de gestoras vindas de fora mudou o cenário de inovação. Só o SoftBank, por exemplo, participou de rodadas (normalmente liderando) que somaram 28% do total recebido no mercado (cerca de US$ 2,6 bilhões dos US$ 9,4 bilhões captados). No ano passado, o fundo japonês liderou cinco rodadas que criaram unicórnios – MadeiraMadeira, Unico, Mercado Bitcoin, Merama e frete.com –, e influenciou o surgimento de outros – Olist, CargoX e QuintoAndar.

Os setores mais buscados por fundos estrangeiros são justamente os mais maduros do ecossistema brasileiro. As fintechs representam 26% das rodadas, as retailtechs 12% e as healthtechs 10%. O sistema financeiro do Brasil é um dos mais complexos do mundo, tornando-o um ambiente propício para soluções financeiras. Com exemplos de sucesso como o Nubank, são esperadas mais soluções no segmento, o que atrai o olhar dos investidores.

A presença de empresas estrangeiras no Brasil também tem crescido nas fusões e aquisições de startups. Em 2021, 10% dos M&As tiveram como adquirentes empresas estrangeiras. Neste ano, a tendência tem se mantido, com cerca de 13% de participação de companhias internacionais nas transações.

“O investidor estrangeiro tem um papel crucial no crescimento do mercado de inovação e startups no Brasil. Diante de um cenário global desafiador, os empreendedores brasileiros precisarão demonstrar resiliência, diferenciação e capacidade de crescer de maneira sustentável para continuar atraindo fundos internacionais”, conclui Gierun.

(com assessoria)

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Redação DMI

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