Reestruturação leva Grupo Telefónica ao prejuízo em 2023

Provisão para demissão em massa e deterioração de ativos no Reino Unido impactaram os resultados da holding; receita, por outro lado, avançou 1,6%, com B2B crescendo 6,3%
Telefónica tem prejuízo em 2023 com reestruturação e perdas no Reino Unido
Apesar da receita em alta, Telefónica amarga prejuízo milionário em 2023 com preparativos para reestruturação (crédito: Telefónica)

A reestruturação anunciada pelo Grupo Telefónica, que prevê a demissão de mais de 5 mil funcionários até 2026, impactou os resultados financeiros da multinacional. A companhia registrou prejuízo líquido de 892 milhões de euros (aproximadamente R$ 4,7 bilhões) em 2023, conforme balanço financeiro divulgado nesta quinta-feira, 22. No ano anterior, apurou lucro de 2 bilhões de euros (R$ 10,6 bilhões).

Além das provisões reservadas para o corte massivo de funcionários, a deterioração dos ativos da Virgin Media O2 (VMO2) – operadora britânica cujo controle é dividido entre a Telefónica e a Liberty Global – e as condições macroeconômicas do Reino Unido afetaram os resultados atribuídos aos acionistas. No quarto trimestre, o prejuízo foi de 2,1 bilhões de euros (R$ 11,2 bilhões).

No consolidado de 2023, as receitas somaram 40,6 bilhões de euros (R$ 217 bilhões), alta anual de 1,6% – incluindo a participação de 50% que detém na VMO2, o faturamento do grupo chegou a 46,8 bilhões de euros (R$ 250 bilhões), avançando, em termos orgânicos, 3,7%.

Em termos percentuais, a Vivo, marca da holding no Brasil, foi o destaque do ano, com a receita crescendo 8,4%, para 9,6 bilhões de euros (R$ 51,31 bilhões). A companhia também registrou alta na Espanha (1,3%), na Alemanha (4,7%) e no Reino Unido (5,2%). Na América Latina (Argentina, Peru, Chile, Colômbia e México), o faturamento ficou estável (-0,1%).

A tele informou que os serviços B2B, uma das prioridades delineadas no plano estratégico para os próximos anos, cresceram 6,3% em 2023, alcançando a cifra de 9,4 bilhões de euros (R$ 50,4 bilhões), sobretudo em função de uma receita recorde com TI na Espanha e um melhor desempenho no Brasil.

Já a Telefónica Tech, provedora de serviços de nuvem, Internet das Coisas (IoT) e big data, avançou 26,7%, para 1,9 bilhão de euros (R$ 10,1 bilhões).

Lucro operacional, capex e dívida

O resultado operacional antes de depreciação e amortização somou 11,4 bilhões de euros (R$ 60,9 bilhões) em 2023, queda de 11,4%. No intervalo de 12 meses, a margem teve baixa de 4,1 pontos percentuais, caindo de 32,1%, em 2022, para 28%, em dezembro passado.

Para todo o grupo, o capex, incluindo espectro, caiu 2,9%, somando 6,7 bilhões de euros (R$ 35,8 bilhões). No Brasil, houve queda de 6%. No entanto, em termos absolutos, a Vivo liderou os investimentos em 2023, totalizando 1,67 bilhão de euros (R$ 8,9 bilhões) – sem contar a totalidade da VMO2.

A Telefónica fechou o ano passado com uma dívida financeira líquida de 27,3 bilhões de euros (R$ 146 bilhões). O endividamento cresceu 812 milhões de euros (R$ 4,3 bilhões) no quarto trimestre. Segundo a tele, isso ocorreu em função da remuneração aos acionistas, da aquisição de ações da Telefónica Alemanha, de compromissos trabalhistas e da emissão e recompra de títulos híbridos.

Metas

Para 2024, a multinacional prevê avançar 1% em receitas, com o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) crescendo de 1% a 2%. A relação de investimento sobre vendas deve ser de até 13%. A projeção para o fluxo de caixa livre é de alta de mais de 10%.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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