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Bilionário egípcio ainda quer investir na Oi, diz Bloomberg

Imprensa internacional destaca tamanho da recuperação judicial da Oi

A imprensa internacional deu grande destaque, nos últimos dois dias, ao pedido de recuperação judicial da Oi. Veículos como Financial Times, The Wall Street Journal, Thompson Reuters e Bloomberg destacaram em suas páginas online o fato de o pedido se referir à maior proteção financeira já pedida por uma companhia brasileira, de de R$ 65,4 bilhões, ou US$ 19,2 bilhões.

Bloomberg procurou analisar os efeitos da recuperação judicial sobre o sistema financeiro, em um momento já de crise econômica. Lembra que Banco do Brasil e Itaú, instituições com ações na bolsa, devem perder valor de mercado devido aos investimentos que possuem em créditos de dívida da Oi. O site afirma que os problemas da operadora foram intensificados pela crise econômica, que dobrou o número de pedidos de recuperação judicial no Brasil. E ressaltou que o bilionário egípcio Naguib Sawiris, em entrevista, ainda se diz interessado em comprar a companhia e que seria bem-vinda uma fusão com a Telecom Italia.

O inglês Financial Times lembrou o processo falho da operadora em renegociar suas dívidas com os credores e associou a situação da concessionária à recessão vista no Brasil, também a pior registrada “em mais de um século”. E ressalta que outras grandes empresas, de outros setores, também enfrentam problemas e passam por processos de renegociação de dívida – como a Gol Linhas Aéreas e a Usiminas.

Também lembra que a Oi foi uma das empresas escolhidas dos governos de Luis Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff para receber aportes do BNDES e crescer mundialmente, o que não ocorreu. Atribui o endividamento às obrigações da concessão de telecomunicação fixa no Brasil e às fusões internacionais.

O site britânico Telecoms.com também chamou atenção para a recuperação judicial. Resgata o imbróglio da fusão da brasileira com a Portugal Telecom, a descoberta de rombo da PT, e as mudanças que levaram a Oi a comprar a PT para mais tarde vendê-la, restando, porém, com suas dívidas. “A Oi pareceu um acidente perto de acontecer por algum tempo, e agora parece inevitável que um comprometido Estado Brasileiro tenha de interferir para manter a banda larga funcionando”, diz.

A Thompson Reuters também lembrou da opção do governo federal de Lula de fazer da companhia uma campeã nacional. E deu tom pessimista à recuperação. Afirma que a legislação de falências brasileira falhou outras vezes em acelerar a recuperação das empresas, uma vez que as dívidas financeiras são as últimas a serem encaradas, depois de impostos e obrigações trabalhistas. Com isso, acredita que todo o processo de recuperação judicial deve durar anos. As crises políticas e econômicas devem dificultar ainda mais a retomada da empresa, conforme a agência. E ressalta que havia potenciais compradores dispostos a investir na Oi, caso a empresa cedesse aos pedidos de reestruturação – o que não aconteceu.

O The Wall Street Journal resumiu a jornada de aumento da dívida da Oi à tentativa de fusão com a Portugal Telecom e à fusão com a Brasil Telecom, que não teriam resultado “em caixa equivalente às necessidades de investimento da operadora”. Segundo o jornal, a tele “tem baixa penetração em telefonia móvel e banda larga”, o que diz serem os segmentos mais lucrativos das telecomunicações no Brasil.

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