Setor de TICs quer política de longo prazo para crescer em participação no PIB

Setor de TICs terminou 2023 representando 6,5% do PIB, praticamente estável, e vem discutindo plano de política pública capaz de aumentar a produção brasileira em tecnologias digitais

(crédito: Freepik)

O setor de TICs está debatendo as linhas de uma proposta de estratégia digital nacional, focada em aumentar a importância da tecnologia para o PIB. Há pelo menos três anos a participação do setor no produto interno bruto anda de lado: em 2023, foi equivalente a 6,5%; em 2022, era 6,6%.

A expectativa é de que, com uma estratégica nacional, colocada pelo governo, o país possa avançar em diversas frentes que permitam ampliar a proporção do setor no PIB para 8% em alguns anos. A expectativa foi apresentada por Affonso Nina, presidente da Brasscom, associação que reúne 77 empresas de TICs.

“Estamos levando proposta para que o Brasil desenvolva uma estratégia de longo prazo para uso e produção de tecnologias digitais. Isso está em debate, sendo discutido com diversos setores, e esperamos que em alguns meses possa ser levado adiante. O setor privado tem a visão de que o Brasil precisa desse desenvolvimento. É algo que está sendo construído, e a ideia é propor um trabalho conjunto entre governo e sociedade civil para traçar a visão de futuro”, falou Nina à imprensa na tarde desta quarta-feira, 3.

Poder de convencimento, o setor tem. A Brasscom apresentou também hoje dados sobre o gigantismo do setor. A produção das empresas de TICs somou R$ 707,7 bilhões em 2023, alta de 5,9%. E o número de empregados foi de 2,05 milhões, adicionando-se 29,2 mil trabalhadores com carteira assinada.

“2023 foi um ano de transição. Em número de empregos gerados, o setor cresceu, mas cresceu menos porque em 2021 e 2022, no pós-pandemia, contratou-se demais. Mas é importante notar que, apesar das notícias de demissões em massa, na verdade o setor terminou o ano com saldo positivo de contratações”, falou.

Do bolo que é o PIB de TICs, a Brasscom segmenta TIC (que reúne software, nuvem, serviços, BPO, consultorias, estatais e exportações), TI in House (o uso nas empresas com outros objetos sociais) e Telecom (voz, celular, dados e serviços de implantação).

Telecom foi o segmento que menos cresceu: apresentou variação de 2,7%, com produção de R$ 285,2 bilhões. Representou, portanto, 2,6% do PIB.

Já TI in House movimentou R$ 74,3 bilhões, ou 0,7% o PIB. Mas cresceu mais: 6,4%. Enquanto TIC correspondeu a R$ 348,2 bilhões, 3,2% do PIB, e teve alta de 8,5%.

Pejotização e desoneração

A Brasscom é uma das principais defensoras da continuidade de política de desoneração da folha de pagamentos para 17 setores empresariais, entre os quais, TICs e call centers. Segundo Nina, os números atuais mostram que a opção fiscal é necessária por conta da competição com o mercado externo, que tem contratado brasileiros para trabalho remoto, e da reforma tributária, que estimulará a pejotização.

“A pejotização está voltando, e a reforma tributária aprovada tende a estimular isso, pois a prestação vai gerar crédito à empresa tomadora do serviço”, ressaltou. Com a desoneração, as empresas têm mais incentivos para contratar os profissionais com carteira assinada.

Perspectivas 2024-2027

Para este ano e os próximos três anos, a Brasscom estima que os investimentos em Transformação Digital no Brasil vão somar R$ 729,4 bilhões, alta de 19,4% ao ano. O grande volume destes recursos será canalizado por empresas e governos a Nuvem (R$ 258,1 bilhões), Segurança da Informação (R$ 177,8 bilhões), e Inteligência Artificial (R$ 139,3 bilhões). As contas são da associação com base em estimativas da consultoria IDC.

Outra frente do setor, o de mobilidade, dados e banda larga, vai movimentar outros R$ 702,8 bilhões do quadriênio, crescimento de 2,9% ao ano.

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Rafael Bucco

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