Satélites, redes neutras e 5G podem atacar brecha digital na América Latina

Especialistas em telecom da região indicam que serviços emergentes são alternativas eficazes para expandir a conectividade, mas regulação, preços e condições econômicas adversas podem atrapalhar
Serviços emergentes em telecom podem reduzir a brecha digital na América Latina
Especialistas avaliam como ampliar a conectividade e reduzir a brecha digital na América Latina no Wireless Technology Summit 2024, do 5G Americas (crédito: Reprodução)

Vastas áreas sem cobertura móvel e desprovidas de infraestrutura de rede fixa são comuns em países da América Latina. No entanto, serviços emergentes de telecomunicações podem ajudar a reduzir a brecha digital na região, ampliando a conectividade e levando o acesso à internet a populações em localidades remotas.

Em painel do Wireless Technology Summit (WTS) 2024, evento online organizado pelo 5G Americas, especialistas no mercado de telecom apontaram os satélites de baixa órbita terrestre (LEO, na sigla em inglês), as redes neutras e o 5G como meios eficazes para expandir a cobertura de banda larga nos países latino-americanos,

Na avaliação de Belén Carrillo, membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) e gerente de uma consultoria em telecom no Equador, países de menor extensão territorial podem investir em redes neutras de fibra óptica para acelerar a expansão da banda larga fixa, além de gerar dinamismo ao mercado de provedores de serviços de internet (ISPs).

“Isso ajuda a baixar os custos dos investimentos em rede. Um país pequeno poderia resolver a brecha digital a curto prazo se adotasse um bom modelo de negócios para ofertantes e usuários”, apontou Belén, nesta sexta-feira, 5, em painel moderado pelo diretora do Tele.Síntese, Miriam Aquino.

Enrique Carrier, fundador da consultoria portenha Carrier y Asociados, disse que a Argentina está na fase de transição das conexões HFC para fibra óptica e que os provedores, assim como os demais setores da economia, sofrem com a inflação persistentemente elevada.

“Na Argentina, para uma operadora separar a sua rede fixa para criar um operador neutro é bastante complicado, porque há dificuldades para contabilizar os valores dos ativos”, pontou.

Neste caso, ele citou a adoção da banda larga satelital como alternativa – a SpaceX, por exemplo, começou a oferecer o serviço da constelação Starlink no país no fim do mês passado. Contudo, o preço desse tipo de conexão é menos convidativo do que o da banda larga fixa e o da móvel.

Leilões de espectro

Como forma de expandir a conectividade, Jesús Romo, analista principal da Globaldata, contou que o regulador de telecom do México cedeu uma outorga para a Comissão Federal de Eletricidade ofertar o serviço de acesso à internet em lugares em que não há competidor. Além disso, o país da América do Norte decidiu leiloar lotes da frequência de 2,5 GHz, mas não houve interessados pelo uso da faixa em áreas remotas.

“Para chegar a essas áreas, isso depende muito do governo federal e de tecnologias, como a complementariedade de satélites. Mas o preço é muito alto”, ressaltou Romo.

Por outro lado, o analista reforçou que o 5G FWA pode ser uma ferramenta no combate à brecha digital. “O problema e que essa solução requer muito espectro. Então, tem que disponibilizar mais espectro para que o serviço funcione com qualidade”, asseverou.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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