Migração da TVRO para banda Ku custa de 50% a 140% mais que uso de filtros, diz Abinee

Associação considerou que será preciso instalar filtros em 2,47 milhões de domicílios ou colocar kits Ku em 3,35 milhões

A Abinee, entidade que representa a indústria elétrica e eletrônica, apresentou hoje, 18, estudo próprio no qual compara os custos das diferentes propostas para eliminar a interferência da rede móvel 5G em serviços de TV aberta por satélite (TVRO). A questão é central na elaboração do edital do próximo leilão de espectro da Anatel. A agência vai licitar a frequência de 3,5 GHz, mas será necessária uma política para evitar que o sinal dos celulares tire do ar canais de TV sintonizados por antena parabólica.

Abratel e Abert, entidades que representam emissoras de TV, defendem como saída a migração dos canais para a banda Ku, faixa de frequência distante dos 3,5 GHz. A proposta tem simpatia da área técnica da Anatel, embora o custo seja mais alto. O conselheiro Moisés Moreira também já demonstrou apoio publicamente a essa solução, por considerar que no futuro a Anatel pode querer licitar mais frequências próximas à faixa de 3,5 GHz.

Conexis, o sindicato das operadoras móveis, defende o uso de filtros nas antenas parabólicas. Com os filtros, o sinal da TVRO seguiria transmitido em banda C (3,7 GHz a 4,2 GHz), livre das interferências.

Todos estes envolvidos apresentaram seus estudos, demonstrando que a mitigação é mais barata. Agora, a Abinee, que tem entre os associados fabricantes de equipamentos de rede como Huawei, Ericsson e Nokia, também fez o seu levantamento. Neste caso, há propriedade uma vez que a entidade também tem entre seus integrantes empresas que podem fabricar os filtros e decodificadores especificados pela Anatel.

PUC-RJ

A Abinee contratou o Centro de Estudos da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (CETUC) para comparar os custos dos cenários de mitigação e migração da faixa de 3,5 GHz. O trabalho já foi apresentado para os conselheiros da Anatel e para o Secretário-Executivo do Ministério das Comunicações, Vitor Menezes.

O estudo apresentou as seguintes conclusões, considerando-se as projeções para 2021:

– os beneficiários elegíveis para o cenário de migração resultaram em 3,35 milhões de domicílios
– os beneficiários elegíveis para o cenário de mitigação resultaram em 2,47 milhões de domicílios

São considerados elegíveis cidadãos no cadastro único do governo e que só captam TV por meio de parabólica.

Os custos calculados para os cenários são apresentados em função do tipo de receptor montado na base da antena de satélite denominado LNBF (low-noise block downconverter) – com e sem serviço de instalação em campo e a variação entre as situações realista e pessimista em termos de troca de componentes.

Mitigação
Com LNBF monoponto:
• Com serviço de instalação: R$ 705,3 milhões a R$ 1,15 bilhão
• Sem serviço de instalação: R$ 276,3 milhões a R$ 663 milhões

Com LNBF multiponto:
• Com serviço de instalação: R$ 776,2 milhões a R$ 1,19 bilhão
• Sem serviço de instalação: R$ 347,2 milhões a R$ 702,8 milhões

Migração
Com LNBF monoponto:
• Com serviço de instalação: R$ 1,68 bilhão a R$ 1,72 bilhão
• Sem serviço de instalação: R$ 1,19 bilhão a R$ 1,23 bilhão

Com LNBF multiponto:
• Com serviço de instalação: R$ 1,83 bilhão a R$ 1,86 bilhão
• Sem serviço de instalação: R$ 1,33 bilhão a R$ 1,37 bilhão

Estes dados mostram que as diferenças de custo variam de 138% entre o uso de filtro monoponto com instalação e 50% para o cenário com componentes mais caros. Para a migração multiponto, o custo seria 136% mais alto no preço mínimo com instalação, e 56% mais alto no preço máximo. Vale lembrar que a Anatel não testou filtros multipontos, e há pedido em aberto da Conexis para que o faça.

Errada: A primeira versão deste texto indicava que os valores eram de 238% e 150%, por falha de cálculo. As porcentagens foram corrigidas.

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Rafael Bucco

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