Eutelsat faz solução para conectar dispositivos IoT por satélite

A Eutelsat desenvolveu uma solução de comunicação via satélite bem mais barata que as VSATs convencionais para atender a mercados como o de IoT. A solução é complementar a redes celulares.

O Tele.Síntese está publicando semanalmente duas reportagens sobre as tendências e inovações em telecomunicações. O conteúdo completo está no Anuário Tele.Síntese de Inovação 2017, que além de apontar os rumos do setor, elegeu os serviços mais inovadores do último ano. Confira, abaixo, uma nova solução de comunicação por satélite, mais barata que a tradicional VSAT, criada pela Eutelsat para atender mercado de IoT.

Uma solução VSAT barata para IoT

"Não há soluções no mercado que utilizem esse tamanho de antena de 60 cm", Eloi Stivalletti, diretor
“Não há soluções no mercado que utilizem esse tamanho de antena de 60 cm”, Eloi Stivalletti, diretor

Executivos e investidores do mercado de Internet das Coisas (IoT) e de Machine-toMachine (M2M) sabem que garantir a conectividade, especialmente em áreas remotas, é um dos seus maiores desafios. Sem ela, todo o trabalho de levar informações em tempo real para servidores capazes de processar esses dados e gerar insights valiosos para os negó- cios pode ser comprometido. Baseada nessa apreensão, a Eutelsat deve trazer ao mercado brasileiro uma solução de baixo custo, de fácil implementa- ção e que pode ser complementar à utilização das redes fixas e, principalmente, das móveis.

O Smart LNB é considerado pela gigante de satélites como um produto extremamente competitivo e que atende às necessidades de cobertura do mercado brasileiro. A solução tem capacidade para monitorar e controlar, em tempo real, dispositivos distribuídos em qualquer local da área de cobertura. O LNB (Low-Noise Block Converter) é um equipamento encontrado nas antenas parabólicas para recepção de sinais de satélites.

“Atualmente, as redes móveis têm sido muito usadas para as aplicações de IoT e M2M. Mas elas têm limitações de cobertura, principalmente em áreas mais afastadas”, observa o diretor da empresa, Eloi Stivalletti. Segundo o executivo, a proposta da companhia não é a de competir com as operadoras mó- veis, mas se tornar uma solução complementar. O Smart LNB foi desenvolvido na França e atualmente está em operação comercial na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, há uma plataforma de demonstração e, em breve, o produto entrará em uma prova de conceito para, então, ser lançado no país. Atualmente, está utilizando a banda KU do satélite Eutelsat 8 West B.

Segundo Stivalletti, um dos objetivos do desenvolvimento do Smart LNB foi oferecer um produto mais barato comparado às soluções satelitais VSAT. O custo mais competitivo do produto se deve, em boa parte, à utilização de antenas de até 60 centímetros, a mesma utilizada para os serviços DTH (Direct to Home). No Brasil, por enquanto, os testes estão sendo em cima de uma antena de 75 centímetros.

“Não há soluções no mercado que utilizem esse tamanho de antena”, ressalta o executivo. A simplicidade de instalação e utilização do produto também o tornam mais competitivo. De acordo com Stivalletti, o sistema trabalha com apenas dois pontos de acesso, o terminal utilizado no cliente e a estação central acessada via satélite. “Não são necessários vários produtos como os demais sistemas. Temos uma caixa interna para alimentar a energia e com um único cabo o sinal já sai IP”, diz.

Para simplificar ainda mais, a Eutelsat desenvolveu um aplicativo para smartphones que auxilia o usuário a fazer ajustes e checar o apontamento da antena sem a presença de técnicos especializados. “Ele não tem que levar equipamentos caros e pesados para isso. Leva apenas o smartphone”, acrescenta. E o próprio produto pode ser deslocado para áreas diferentes conforme as necessidades do cliente.

Quando chega

Segundo Stivalletti, o Smart LNB deverá estar disponível no mercado brasileiro, no mais tardar, no início de 2018. “IoT e M2M são segmentos muito interessantes e queremos marcar nossa presença com uma solução inovadora”, comenta. O executivo enxerga duas áreas que poderão ter uma boa aceita- ção do produto, a de redes de energia elétrica e a de agronegócios inteligentes. “O Brasil é muito forte na área de agronegócios, mas até agora a agricultura de precisão – que pressupõe o uso mais pesado de tecnologia – ainda é pouco explorada”.

O Smart LNB vai chegar ao mercado brasileiro com um background gerado pelos atuais clientes do produto em vários países. Entre eles, está a Sigfox, que há dois anos adotou o Smart LNB como uma das soluções da rede de IoT e M2M que oferece como provedor no mercado norte-americano. A Sigfox anunciou este ano que deu início à construção de uma rede sem fio para aplicações IoT no mercado brasileiro.

A crise econômica que o Brasil vem enfrentando nos últimos anos não chegou a afetar os contratos em andamento para utilização da capacidade satelital da Eutelsat. Mas Stivalletti reconhece que, no geral, muitos projetos foram adiados. “Com isso, o crescimento esperado no mercado de satélites também não veio”, ressalta.

Com 39 satélites em todo o mundo, a Eutelsat lançou no ano passado o triband E 65 West A, combinando as bandas C, KA e KU para cobertura do mercado brasileiro. A banda C reforça a transmissão de vídeo entre continentes, enquanto a banda KU está direcionada para DTH e oferta de conectividade. Já a capacidade da banda KA está toda alocada para Hughes que oferece, por esse canal, o seu serviço de internet banda larga via satélite, o HughesNet.

Para dar suporte aos clientes desse e de outros satélites que iluminam o Brasil, como o 8 West B, o 12 West B e o 3B, a empresa montou um NOC (Centro de Operações de Rede) em Santana do Parnaí- ba, no interior de São Paulo. Ele possui sistemas de telemétrica, comando e controle de alcance e de monitoramento de radiofrequência de vídeos.

Avatar photo

Wanise Ferreira

Artigos: 278