Setor de energia já se adapta à escolha livre do consumidor, diz consultor

Há até um plano para que todo o setor se adeque ao mercado livre de energia, até 2024, contou Fernando César Britto de Araujo, do SIDI (Instituto de Ciência e Tecnologia), nesta terça, durante evento do Tele.Síntese
Foto: divulgação
Foto: divulgação

As distribuidoras de energia elétrica já preparam sua adaptação para o direito de escolha do consumidor. Há até um plano para que todo o setor se adeque ao mercado livre de energia, até 2024. Foi o que contou Fernando César Britto de Araujo, consultor no SIDI (Instituto de Ciência e Tecnologia), nesta terça, durante o evento IoT e as Redes Privativas, realizado pelo Tele.Síntese.

“A IoT faz parte dessa jornada. Para que o consumidor possa escolher, ele tem que ter qualidade de informações sobre seu consumo, e as alternativas. Hoje, temos geração que pode ser centralizada ou distribuída, tradicional ou de fontes renováveis. Há consumidores que geram, como os comerciantes. Chamamos de prosumidores”, disse Araujo.

Ele falou mais sobre as expectativas para esse mercado livre. “O fluxo era unidirecional, agora mudou. Como entender? Através de automatização. É aí que você descobre para onde vai, de onde vem e como as coisas se orquestram. É a partir daí que eu consigo fazer planos para dizer para o cliente se é melhor vir para esse lado ou para aquele, enfim escolher seu plano”.

“E a diferenciação nem sempre será monetária, na conta, mas pode estar ajustada a outros anseios do consumidor”, completou.

Regulação

Araujo pontuou que tudo depende de regulação, mas que já existe um caminho aberto para o mercado livre.

“Há barreiras regulatórias, que ainda não foram superadas por conta da pandemia, que atrasou tudo porque teve obviamente uma priorização decorrente da situação. Mas vai mudar o modelo de negócios das companhias de energia, Vão deixar de ser concessionárias e se modernizar para serem provedoras de soluções.”

Segundo o consultor do SIDI, já existem programas de inovação para que as elétricas tragam ideias e projetos, “Mas isso tudo ainda está sendo desenhado”.

“As empresas precisam se transformar e a regulação deve estar preparada para isso. Regulação é tarifa. Mas no mercado livre, quem ficar preso a tarifa pode ser prejudicado”, completou.

Automatização

Em relação especificamente à IoT, Fernando Araujo disse que há anos existe uma demanda do setor pela automatização, mas que essa busca confronta um certo tradicionalismo.

“Como transformar uma empresa centenária, como levá-la para um ambiente de transformação? Elas procuram o aperfeiçoamento, mas buscam também garantir estabilidade na rede. Então essa mudança não é imediata, mas passo a passo. O SIDi ajuda justamente nessa jornada de transformação.”

Depois, comentou as preocupações do setor. “A automatização vai acontecendo conforme a IoT vai disponibilizando dispositivos que interessem. Como eu garanto a continuidade da operação? Garantindo bom fornecimento em uma rede que se autorreconfigure na ocorrência de eventos, por exemplo.”

Também deu razões para o setor de tecnologia em geral ter crescido tanto, na pandemia, e o elétrico não. “É interessante como um setor cresce e o outro não, sendo que um depende do outro. Mas a verdade é que a pandemia criou desequilíbrio de consumo e pagamento. A inadimplência cresceu. Isso afetou também os programas de pesquisas e desenvolvimento, que tiveram recursos transferidos para outras demandas. Priorizou-se a operação, em si, e a continuidade dessa operação. Mas agora essa vertente vai crescer”, finalizou.

Energia solar

Também presente ao evento do Tele.Síntese, Juliana Santos, Gerente Sênior de Ativos da Nextracker na América Latina, falou sobre as inovações do setor de energia solar.

Sediada na Califórnia, EUA, a Nextracker é uma das maiores empresas de rastreadores solares. Juliana Santos contou que a companhia está montando um centro de excelência solar em Sorocaba, no interior de São Paulo.

“Hoje navegamos muito no setor de software. O Brasil está vivendo o maior crescimento em energia solar. É o hype, a bola da vez”, falou.

“A Usina de Pirapora, a mais antiga, com 400 megawatts, tem 14 mil rastreadores, todos integrados numa rede, onde temos controle e fazemos coleta de dados. Daí podemos apresentar ao cliente proposta de aumento de geração de energia”, disse a executiva da Nextracker, empresa que atua em sete usinas do país.

Economia

As duas principais novidades do setor envolvem economia, e são a concentração de tecnologia solar em espaços não tão extensos e o uso combinado da energia solar com a agricultura.

“Os painéis ganham cada vez mais tecnologia, então você consegue mais energia em área menor. É a tecnologia de célula solar evoluindo”, disse.

“E hoje já existem projetos em que se combina energia solar com agricultura. A agricultura reduz a temperatura, o que aumenta a geração de energia; e a própria agricultura ajuda na drenagem do solo; então é um duplo uso.”

Avatar photo

José Norberto Flesch

Artigos: 281