Empresa defende cautela antes do governo regulamentar IoT

Segundo COO da Thinc, mercado ainda está em aberto e uma decisão precipitada pode engessar o desenvolvimento da tecnologia no país

A Internet das Coisas pode proporcionar ao Brasil o avanço de uma geração tecnológica, porém é preciso cautela na regulamentação do serviço ainda incipiente. É o que pensa o COO da Thinc, Pedro dos Santos. A empresa trabalha com soluções IoT de ponta a ponta e já atende grandes players, inclusive no mercado de telecomunicações. “Ainda é cedo para adoção de regras, que podem engessar o desenvolvimento da tecnologia”, disse.

A preocupação principal é com a tomada de subsídios aberta pela Anatel, que apresenta propostas de soluções para resolver o que a agência chama de entraves e barreiras ao sucesso da IoT no país. Para o empresário, entretanto, é possível que algumas decisões possam atrapalhar e não ajudar no crescimento da tecnologia, que ainda está em fase inicial em todo o mundo. “Ainda não sabemos para onde vai esse mercado, que tem potencialidades imensas”, afirma Santos.

As principais preocupações dizem respeito ao enquadramento do serviço, se como telecomunicações ou como de valor adicionado e, consequentemente, que impostos podem incindir sobre ele. “Atualmente, os serviços que estão sendo prestados pela rede móvel, o Fistel [Fundo de Fiscalização das Telecomunicações] cobrado consome praticamente toda a receita apurada”, exemplifica o COO da Thinc.

A expectativa da empresa é de que a receita com cada sensor conectado seja de US$ 1 a US$ 2 por ano, mas com grande escala. Isso no caso de conexões máquina-máquina e baixa transmissão de dados. Para Santos, um projeto desse porte pode ser inviabilizado se o Fistel for cobrado, mesmo com um valor mais baixo do que aplicado aos dispositivos móveis.

Pedro dos Santos acha que a regulamentação pode esperar até que o mercado esteja maduro e já se saiba para onde vão os investimentos. Ele não acredita que a falta de regulamentação impeça, por exemplo, que redes de IoT sejam implantadas, especialmente no campo, para atender o agronegócio. “Para essas redes, de baixo tráfego, é possível a implantação sem grandes investimentos, já que uma antena apenas pode cobrir até 15 km”, disse. Esse tipo de rede, adverte, não serve para atender a pessoas.

Santos reafirma que é preciso ter uma visão concreta do andamento da Internet das Coisas antes de pensar em regulamentação. Caso contrário, o país pode perder na corrida pela captura de ganhos que a plataforma pode gerar e o aumento da competitividade, produtividade e eficiência das empresas. “A estimativa é de que em 2020, a receita mundial com IoT chegue a, no mínimo, US$ 500 bilhões e muito mais conexões que habitantes no planeta”, disse.

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Lúcia Berbert

Lúcia Berbert, com mais de 30 anos de experiência no jornalismo, é repórter do TeleSíntese. Ama cachorros.

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