Brazil Tower pode deixar construção de torres em São Paulo

Empresa diz que poderia construir 200 torres na cidade, mas ergueu apenas 16 há três anos, e nenhuma a mais, por conta da regulação. Durante a CPI das antenas na Câmara de Vereadores, políticos prometem "texto melhor que o substitutivo" da lei das antenas, em trâmite na Casa.

O CFO e representante da Brazil Tower Company (BTC) no país, Julio Roland, afirmou hoje, 13, que a empresa cogita deixar o mercado paulistano. Durante audiência da CPI das Antenas, realizada na Câmara dos Vereadores da cidade, o executivo afirmou que a decisão depende dos entraves legais para implantação de novas estruturas.

“Nosso negócio é construir torres. Se há entraves de regulamentação, vamos para outras cidades. Se não conseguirmos licenciar as torres, tenho a recomendação dos acionistas de sair de São Paulo”, afirmou.

A BTC é uma empresa estadunidense com sede em Miami. No Brasil, administra 800 torres. Destas, 16 ficam em São Paulo, capital. Conforme o executivo, todas foram construídas em 2016 e tiveram seus pedidos de licenciamento protocolados na prefeitura. Mas o aval para a ocupação do solo, diz Roland, até agora não saiu.

“Hoje estamos em outras cidades por decisão dos nossos acionistas de não focar São Paulo por causa da dificuldade de instalar novas torres. Fomos para outros locais onde é possível ter sites de prateleira [torres próprias prontas para locação]”, afirmou.

Ele disse, ainda, que uma eventual mudança nas regras da cidade para a instalação de antenas aqueceria o mercado. “Quando começamos tínhamos demanda por centenas de antenas, mas não fizemos todas por questão de compliance com relação à lei em vigência na cidade”, afirmou. A empresa estava disposta a fazer 200 torres na cidade, mas ficou apenas nas 16.

O executivo afirmou também que nunca recebeu qualquer autuação por conta da instalação das torres antes do recebimento das licenças da cidade. Os equipamentos são alugados por Nextel, TIM e Vivo. E defendeu forma de facilitar a instalação de postes, em especial de biosites, que se confundem com o mobiliário urbano reduzem, a se ver, a poluição visual.

“A frequência usada na 5G vai obrigar a instalação de muito mais antenas pois seu raio de ação é menor, então a distância entre as torres terá de ser menor. Estamos rezando todo dia, de joelho, para que essa Casa proponha uma nova lei que beneficie a cobertura celular. Há muitos recursos dispostos a entrar aqui”, falou.

Vereadores contestam

Os vereadores participantes da CPI contestaram as informações de Roland. O presidente da comissão, Claudinho de Souza (PSDB), lembrou que no site na internet da BTC constam 31 torres na cidade de São Paulo. Roland respondeu dizendo que os dados ali estavam desatualizados e dizem respeito não só a torres construídas, como a potenciais projetos.

Ele afirmou que o objetivo final da CPI será “ofertar um texto melhor que o substitutivo atualmente na Casa”. Ele solicitou sugestões do representante da BTC de modelos de regulação que permitiram a melhora da cobertura móvel na cidade.

Integrante da comissão, Camilo Cristófaro (PSB), afirmou que não foram localizados registros na prefeitura de pedidos de licenciamento da BTC. Com isso, propôs requerimento, aprovado, para que a empresa entregasse os protocolos em cinco dias. Segundo ele, o objetivo da CPI é compreender quanto devem as operadoras em multas e propor um PPI (programa de parcelamento incentivado), para quitarem tal dívida.

Conforme suas contas, as operadoras e as donas de torres devem à cidade pelo menos R$ 40 milhões, valor esse já inscrito na dívida ativa. Fora da dívida ativa, afirmou, o montante passaria de R$ 106 milhões.

Avatar photo

Rafael Bucco

Artigos: 4056