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Coreia do Sul busca o mercado brasileiro de TICs

País busca aproximação e está elaborando, em parceria com o Ministério da Economia, um relatório sobre o que o Brasil pode fazer para acelerar o desenvolvimento do mercado de tecnologia.

A Coreia do Sul está trabalhando com o Ministério da Economia em uma série de sugestões para facilitar a abertura do mercado brasileiro. Interessa em especial ao país asiático ter entrada maior em nosso mercado de tecnologias da informação e comunicações.

A mensagem foi transmitida no final de agosto, em evento realizado pela Kotra, a Agência de Promoção ao Comércio e Investimento da Coreia, em São Paulo. Participaram executivos de TICs brasileiros, associados da Abranet, Abinee, Brasscom, além de consultorias e startups.

O interesse tem razão de ser. A Coreia é grande exportadora de hardware em TICs. Sua empresa mais conhecida é a Samsung, mas há também outras, como LG, especializadas em equipamentos. A economia coreana tem alta complexidade e seu principal produto de exportação são circuitos integrados. Diferente do Brasil, que tem pauta exportadora baseada em produtos primários, capitaneada pela soja.

A intenção é trazer ao Brasil software e serviços, produto ainda relativamente pequeno na pauta exportadora coreana, responsável por vendas de US$ 10 bilhões. O mercado brasileiro consome US$ 38 bilhões em software e serviços, segundo estimativa da Kotra.

Compartilhamento de conhecimento

O relatório está sendo criado em parceria com Ministério da Economia brasileiro dentro da iniciativa coreana Knowledge Sharing Program (KSP, Programa de Compartilhamento de Conhecimento na sigla em inglês). O material trará recomendações com base no que deu certo no país asiático.

Os representantes gostam de ressaltar que, por lá, priorizou-se o investimento em infraestrutura a fim de garantir acesso universal a internet e computadores. O governo coreano criou um fundo para financiar iniciativas de TICs, elaborou um currículo escolar que deu aos alunos conhecimentos básicos de computação, subsidiou o treinamento e a readequação de profissionais para migrarem ao setor de tecnologia, e elegeu instituições de ensino que deveriam ter como foco a excelência na educação para TICs, distribuindo bolsas de mestrado e doutorado na área.

As recomendações para o Brasil irão neste sentido. Estarão no texto orientações para que busquemos fazer parte da cadeia global de valor, reduzamos barreiras regulatórias, incentivemos a inovação, e treinemos os cidadãos para que adquiram competências digitais.

Para facilitar a inovação, a sugestão é criar ambientes desregulados para que empresas possam testar produtos e modelos de negócio por tempo limitado, em número pré-especificado de clientes, e sob a supervisão governamental. A ideia é uma forma de acelerar a realização de projetos-piloto que operem com autorizações temporárias, deixando a regulação existir ex-post, ou seja, após a descoberta do mercado.

Não seria a primeira vez em que o Brasil faz a parceria com os coreanos para elaborar uma avaliação de nossas políticas. Em 2013 já houve o estudo conjunto, dentro do KSP, para promover o desenvolvimento da agricultura familiar, ampliando as exportações de produtos de horticultura para a Coreia do Sul. Em 2011, a parceria produziu um relatório sobre a Sudene, analisando o impacto do investimento estrangeiro no Nordeste brasileiro na criação de zonas de processamento para exportações.

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