Conselheiro da Oi renuncia com críticas aos sócios e divergências quanto à futura estratégia

Ricardo Reisen de Pinho alega que agora seria o momento para os sócios da Oi injetarem dinheiro novo na empresa, visto que, para ele, os R$ 4 bilhões anunciados na Recuperação Judicial, foram uma mera "falácia", já que os investidores se remuneraram na operação. E diz que a nova estratégia da empresa deve visar o "porquê" e não o "como".

A Oi comunicou ao mercado nesta segunda,3, à noite a renúncia do conselheiro Ricardo Reisen de Pinho, que, segundo a empresa, deixou a direção do conselho de administração por “foro íntimo”, e  informando que no momento oportuno irá indicar novo representante. Riesen, originário do mercado financeiro (integrante do conselho fiscal do Bradespar), participou tanto do conselho provisório como da atual direção, formada durante a Recuperação Judicial.

Em sua longa carta, anexada ao comunicado da operadora, Reisen tece duras críticas aos atuais sócios da operadora, por não terem, de fato, injetado dinheiro novo na companhia, além dos atuais R$ 4 bilhões, anunciados à época do fechamento do acordo de Recuperação Judicial.

Para Reisen, essa injeção de dinheiro não foi nada mais do que uma “mera falácia”, tendo em vista que os bondholders se remuneraram por esse aporte e tiveram valorização de 30% do capital injetado, no período. Acusou ele: ” um interessante exercício para testar a falácia da entrada recente de, assim chamados, novos recursos, uma vez que o aporte de cerca de R$4.0 bilhões era parte inerente do PRJ, sem os quais todos os stakeholders perderiam suas posições, com todos portanto, já tendo ajustado seus retornos financeiros para tal evento. Com relação e este último ponto, vale destacar que os principais bondholders/acionistas backstoppers se remuneraram por tal fato, bem como todos os acionistas que aportaram recursos viram seu capital apreciar cerca de 30% no período.

Para ele, agora que a empresa se prepara para dar um novo passo, seria o momento para os donos da Oi aportarem, de fato, novos recursos. Afirmou:

” um aporte de capital como parte da estratégia demonstraria o interesse genuíno dos acionistas de reforçar o volume de investimento da Companhia, respaldando assim uma estratégia de longo prazo a ser proposta de
forma independente pelo Conselho. Indo além, também ampliaria de forma diferenciada e significativa a capacidade da Oi de melhor se engajar em eventuais tratativas estratégicas com terceiros em um horizonte de menor prazo, criando assim uma maior propensão a captura de valor para si.

Ele alertou ainda que a estratégia em estudo pela empresa – para a qual contratou três consultorias (a BCG Boston Consulting Group, Oliver Wyman e Bank of American Merryl Lynch)- não pode descartar todas as opções, entre elas, a manutenção da Recuperação Judicial por mais um período, além de mais aporte de capital por parte dos sócios.

É fundamental questionar as razões e interesses econômicos e mesmo político-sociais que sustentam a estratégia a ser proposta, desafiando e testando alternativas.Não basta apenas explicar o “como” mas também explicar o ” porquê”.

Ao assinalar que a pressão macroeconômica e os riscos regulatórios que afetam o caixa da companhia já eram conhecidos do mercao, Reisen de Pinho finaliza defendendo plena transparência nas futuras decisões da operadora.

“Fundamental estar permanentemente atento a conflitos de interesses diversos, comunicar fatos e eventos de maneira equânime a todos os acionistas, e buscar uma resultante que seja, no mínimo, neutra para credores. O último ponto é de especial atenção por esta ser ainda uma Companhia em RJ, com seus credores tendo poucas ou remotas possibilidades de gerar um evento de liquidez para seus créditos.”

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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