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TV paga

Renda baixa desafia setor de TV paga mais que o streaming, avalia executivo da Claro

Operadoras precisam combinar pacotes segmentados por região do país e auxiliar no combate à pirataria, enquanto governo deve comandar ação contra os piratas e trabalhar para aumentar a renda do brasileiro, avalia André Guerreiro, da Claro.

A baixa renda da população brasileira é um desafio maior à TV paga do que o avanço dos aplicativos de streaming. Ao menos esta foi a percepção compartilhada hoje, 9, pelo executivo André Guerreiro, da Claro, ao comentar os dilemas que a TV por assinatura vem enfrentando nos últimos anos. Desde 2015, o segmento perdeu mais de 5 milhões de assinantes.

Ao participar do evento Pay TV Fórum, organizado pelo site Teletime, Guerreiro destacou que mesmo a pirataria que assola o país tem como causa de fundo a queda da renda do brasileiro. A pirataria, que tem hoje um público estimado de 33 milhões de brasileiros e gera danos anuais de R$ 9 a R$ 13 bilhões ao setor de TV por assinatura.

A grande dificuldade atualmente das operadoras de TV por assinatura não é evitar que o consumidor troque a TV pelo streaming porque os números de inteligência de mercado reunidos pela Claro mostram que TV linear e OTTs são complementares, disse.

“Quem tem renda tem streaming pago e conteúdo linear pago. Estamos sofrendo mais nas camadas de menor renda. Não enxergo [o streaming] como conteúdo substituto, enxergo como complementar. Mas o bolso vai ditar quanto o consumidor vai conseguir complementar, e quanto vai ter de substituir”, afirmou.

Segundo ele, essa percepção é comprovada pelo perfil dos cancelamentos de serviços de TV por assinatura na Claro. “Pacotes mais caros têm menor erosão. O que tenho de número é que a perda de pacotes avançados é bem menor que dos mais simples, menos da metade. Então, enquanto temos um cancelamento [hipotético] de 10% nos planos mais simples, nos mais caros isso é 3%”, exemplificou.

Para controlar a erosão, ele sugere uma cesta de alternativas. Em primeiro lugar, as operadoras precisam ter pacotes diversificados e capazes de atender demandas regionais. “Não faz sentido vender a mesma coisa no Nordeste e em São Paulo, tem que ter ofertas segmentadas nos combos”, resumiu.

Outro ponto de atenção é a pirataria, que está arraigada na cultura do brasileiro, e precisa ser combatida pelo governo, com apoio das operadoras. “A gente entende que a pirataria é controlável, mas se não tiver rigor governamental, não serão as operadoras que vão resolver a questão sozinhas”, disse. Por fim, lembrou que é preciso haver enriquecimento da população. Com maior poder aquisitivo, a tendência é pelos serviços contratados licitamente.

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