Do Norte ao Sul: Ligga e Unifique buscam parceiros locais para o 5G

Tanto a Ligga Telecom, como a Unifique, apostam que acordos comerciais com provedores em cidades pequenas são alternativas à rentabilização do espectro adquirido no leilão de 2021

(crédito: Freepik)

A Ligga e a Unifique estão elaborando, cada uma, planos para entrar no 5G com parceiros regionais. As estratégias buscam se beneficiar das cláusulas do edital do 5G que permitem o cumprimento de obrigações com serviços de terceiros.

“Apenas a Ligga tem que implantar 2,5 mil ERBs [estações radiobase] até 2030 em 1.184 cidades. É um desafio muito grande”, resumiu Vitor Menezes, diretor de assuntos institucionais e regulatórios da empresa.

Segundo ele, as parcerias serão feitas para atender cidades pequenas de São Paulo e a região Norte. “Estamos desenvolvendo modelo de negócios para cidades abaixo de 30 mil habitantes, e também estamos pensando no Norte. Não tem como montar banquinha e sair vendendo chip, isso não faz mais sentido. Dependemos de parceiros. Quando a gente pensa no Norte, olhamos o ecossistema local e pensando em estruturar algo”, afirmou, durante o Fórum de Operadoras Inovadoras, organizado pelos sites Mobiletime e Teletime, nesta terça-feira.

Menezes afirmou que a operadora conta em acessar a faixa de 700 MHz que foi devolvida pela Winity para rentabilizar o investimento que vem fazendo para crescer no mercado móvel.

“A faixa de 700 MHz é fundamental por questão de eficiência espectral e por questão de voz. No 3,5GHz, poucos smartphones, e caríssimos, conseguem transmitir voz. Existe ainda restrição de acesso a estes equipamentos à população brasileira. Os 700 MHz permitem começar a atuar no móvel naquelas cidades até 30 mil habitantes, considerando que boa parte da população não vai conseguir usar o 3,5 GHz para voz ou 5G porque o aparelho não é compatível ou porque é muito caro”, observou.

Ele ressaltou, porém, que o cronograma de ativação para uso secundário colocado pela Anatel é muito estreito, o que inviabiliza essa opção. “Levamos para a Anatel, para o governo, a necessidade de um cronograma razoável para as operadoras fazerem uso dessa faixa de espectro. Sem esta faixa, quem não tem espectro de 2,3 GHz, que são todas as entrantes exceto Brisanet, teremos muita dificuldade”, acrescentou.

Unifique

A operadora sediada em Timbó (SC), que comprou o espectro em consórcio com a Ligga para explorar em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, também aposta nas parcerias. A estratégia está sendo delineada, mas deve envolver a proposta de criação de operadoras móveis virtuais para provedores de cidades em que não tem presença. Cidades estas onde tem obrigações a cumprir pelo edital, explicou Jair Francisco, diretor de mercado da Unifique.

“Nestes casos, o provedor teria condições de ofertas banda larga e telefonia móvel a seus clientes, com sua própria marca”, falou ao Tele.Síntese, após a participação no painel do evento.

Ele contou que o objetivo é compartilhar investimentos para a construção da rede 5G com os provedores interessados em oferecer serviço móvel. E resumiu: “Se eu chegar a uma cidade onde não tenho rede, mas tem um provedor muito bom, o que é mais racional? Fazer tudo, ou propor uma parceria? Então nossa ideia para fazer isso dar certo terá um modelo em que haveria compartilhamento da receita móvel”, afirmou.

Tanto Menezes, da Ligga, quando Francisco, da Unifique, dizem que existem negociações em andamento e a expectativa de que aconteçam anúncios nos próximos meses sobre tais iniciativas que envolver o espectro do 5G (3,5 GHz). As operadoras, pelo edital, precisam cumprir suas primeiras obrigações de cobertura em 2026. Têm, portanto, tempo para encontrar modelos de negócios inovadores na exploração do 5G.

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Rafael Bucco

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