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Balanço

Nokia vai demitir até 14 mil funcionários; lucro cai 69% no 3º trimestre

Cortes serão feitos até 2026 como parte de plano de redução de custos; entre julho e setembro, receita teve queda de 20%, com baixas em todos os segmentos da companhia
Nokia vai demitir até 14 mil funcionários após queda de 69% no lucro
Com queda substancial no lucro, Nokia anuncia que vai demitir milhares de funcionários (crédito: Nokia/Divulgação)

A Nokia informou, nesta quinta-feira, 19, que planeja pôr em prática um plano de redução de custos com os objetivos de simplificar o modelo operacional e proteger a lucratividade. Para isso, a fabricante de equipamentos de telecomunicações proteja cortar de 9 mil a 14 mil empregos até 2026.

Em relatório financeiro sobre o terceiro trimestre deste ano, período em que o lucro líquido caiu 69% (saiba mais abaixo), a companhia indicou que as demissões devem atingir as equipes de vendas e das unidades de negócios. O setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) não deve ser impactado.

De modo geral, a Nokia espera reduzir a base de custos na ordem de 800 milhões de euros (aproximadamente R$ 4,27 bilhões) a 1,2 bilhão de euros (R$ 6,42 bilhões) nos próximos três anos. Atualmente, a companhia conta com uma força de trabalho composta por 86 mil funcionários. Até o fim de 2026, o quadro funcional deve ficar entre 72 mil e 77 mil trabalhadores.

“Estamos simplificando nosso modelo operacional ao integrar as equipes de vendas nos grupos de negócios”, afirmou Pekka Lundmark, presidente e CEO da Nokia, em trecho do balanço do terceiro trimestre. “Essas ações nos mantém no caminho para atingir a nossa meta de longo prazo de margem operacional comparável de pelo menos 14% até 2026”, acrescentou.

No documento, o executivo ainda apontou que a empresa está “tomando medidas decisivas” nos níveis estratégico, operacional e de custos. “Acredito que estas ações nos tornarão mais fortes e proporcionarão um valor significativo aos nossos acionistas”, pontuou.

Resultados

No terceiro trimestre, a Nokia obteve lucro líquido de 133 milhões de euros (R$ 711 milhões), queda de 69% na comparação com o mesmo período do ano passado. O resultado, segundo a companhia, foi impactado por alterações no passivo financeiro e pela baixa contábil relacionada à aquisição de uma participação minoritária na Nokia Shanghai Bell – condição semelhante já tinha afetado o lucro no segundo trimestre.

Entre julho e setembro, a receita líquida caiu 20% em termos anuais, somando 4,98 bilhões de euros (R$ 26,63 bilhões). Em moedas constantes, a queda foi de 15%. A Nokia atribui a baixa no faturamento à incerteza macroeconômica e às taxas de juros mais elevadas, que pressionam o orçamento das operadoras.

As vendas diminuíram em todas as atividades da empresa. O braço de Redes Móveis, o de maior participação na receita, teve queda de 19% em moedas constantes. Declínios também foram registrados nos segmentos de Infraestrutura de Rede (-14%) e Serviços de Nuvem e Rede (-2%), além da unidade Nokia Technologies (-14%).

Além disso, o balanço mostra que as vendas caíram em todas as regiões em que a empresa atua, exceto na Índia (alta de 121%) e no Oriente Médio e na África (11%). Nos principais mercados da fornecedora, América do Norte e Europa, as quedas foram de 40% e 11%, respectivamente. Na América Latina, a baixa foi de 17%, menos intensa do que na China (-24%). As vendas na região da Ásia-Pacífico caíram 13%.

Perspectiva

Também no relatório financeiro, Lundmark sinaliza que a empresa espera uma “melhora sazonal nos nossos negócios de redes no quarto trimestre”.

A companhia reforçou que, para o consolidado do ano de 2023, trabalha com a expectativa de registrar receita líquida de 23,2 bilhões de euros (R$ 124 bilhões) a 24,6 bilhões de euros (R$ 131,5 bilhões), conforme projeção reduzida no início do segundo semestre antevendo uma demanda mais fraca na segunda metade do ano.

“Continuamos a acreditar na atratividade dos nossos mercados a médio e longo prazos. As revoluções da computação em nuvem e da IA [Inteligência Artificial] não se materializarão sem investimentos significativos em redes que tenham capacidades amplamente melhoradas”, assegura o CEO da fornecedor finlandesa.

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