Caso Correios sejam vendidos, cidadão vai bancar serviços deficitários

Foi o  que previu hoje o presidente da estatal, general Juarez Aparecido Cunha, durante audiência na Câmara

O presidente dos Correios, general Juarez Aparecido Cunha, previu hoje, 5, que a parte boa, o “filé”, da estatal será privatizada e que brasileiro quem vai arcar com o custo dos serviços não lucrativos. A avaliação foi feita em audiência na Câmara dos Deputados. A intenção de privatizar a estatal foi confirmada no final de maio pelo presidente Jair Bolsonaro.

Cunha diz que em 2018 a estatal teve 92% de seus lucros concentrados em apenas 324 municípios. Estes apresentaram lucro de R$ 6,71 bilhões. Em contrapartida, os 5.246 demais municípios registraram um prejuízo de R$ 6,54 bilhões. “O Estado brasileiro ou o cidadão brasileiro que paga impostos vão pagar a conta dos demais municípios”, afirmou.

A parte lucrativa são os serviços de entrega de encomendas, enquanto os prejuízos ficam por conta dos serviços de entregas de correspondências, o que vem declinando em todo mundo por causa do avanço tecnológico, como o Whatshap.  

Para o general, a empresa é “autossustentável, insubstituível e cidadã” e destacou que está em processo de recuperação financeira, apresentando lucro de R$ 600 milhões e R$ 161 milhões nos dois últimos anos. Na avaliação dele, boa parte dos prejuízos registrados em 2015 e 2016 se deram pelo adiantamento de dividendos de cerca de R$ 7 bilhões à União. “A empresa não está quebrada, como alguns dizem, e vamos sair dessa situação em que estamos vivendo”, projetou.

Cunha questionou se os economistas sabem calcular do custo social arcado pelos Correios, como a distribuição de milhões de livros em todos os municípios.

Representante da Secretaria de Desestatização do Ministério da Economia, o assessor Fábio Abrahão discordou. Apontou rombo de R$ 11,5 bilhões no fundo de pensão e R$ 4 bilhões no plano de saúde.

“Vocês são contra a privatização, mas boa parte das operações dos Correios hoje são privatizadas”, apontou o representante do Ministério da Economia. “Cerca de 60% das atividades da empresa sãos feitas por franquias”, alegou.

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Abnor Gondim

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