BC prevê aumento da oferta de crédito em 2021

A projeção para a inflação de 2021 foi revisada para cima e ficou em 5%, 1,25 ponto percentual acima da meta, mas ainda dentro do intervalo de tolerância.

O Banco Central divulgou nesta quinta-feira, 25, o Relatório Trimestral da Inflação (RTI) e ajustou para cima a previsão de crescimento do crédito em 2021, que passou de 7,8% para 8% “com a melhora das perspectivas para o crédito habitacional, sendo parcialmente compensada pelo efeito da extinção dos programas de crédito para pessoas jurídicas”.

“Nos últimos meses do ano observou-se desaceleração do crédito. As concessões para pessoas físicas reverteram a trajetória de recuperação registrada desde junho, apresentando queda em dezembro e janeiro. Nesse período, houve redução dos gastos com cartão à vista, financiamentos de veículos e operações de crédito consignado, consoante ao arrefecimento da atividade varejista”, pontuou o RTI.

A projeção para a inflação de 2021 foi revisada para cima e ficou em 5%, 1,25 ponto percentual acima da meta, mas ainda dentro do intervalo de tolerância. No texto, o BC afirma que a probabilidade de estourar o teto aumentou em 33 pontos percentuais desde o relatório anterior, que era de 8% e passou para 41%. Os principais motivos para a revisão, segundo o relatório, foram inflação recente acima do esperado, depreciação cambial, elevação do preço das commodities, incluindo petróleo, e aumento das expectativas de preços administrados.

Para tentar conter a escalada de preços observada nos últimos meses, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, a 2,75% ao ano, em 17 de março. Em entrevista coletiva de apresentação do relatório, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que apenas algo “muito fora do cenário” forçaria uma alta acima de 0,75 pp na taxa básica de juros na próxima reunião do Copom.

Para março, o BC espera inflação de 0,82%, desacelerando para 0,61% em abril e ficando em 0,31% em maio. Com visão mais pessimista, o IBGE divulgou também nesta quinta-feira projeção de 0,93% para a inflação do mês de março, sob forte pressão da alta dos combustíveis.

O BC também revisou a expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2021 para 3,6%, 0,2 ponto percentual abaixo do divulgado no relatório de dezembro. “Ressalte-se que essa perspectiva está condicionada à continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira, condição essencial para permitir a recuperação sustentável da economia”, diz o relatório.

Campos Neto minimiza críticas à PEC Emergencial

Roberto Campos Neto – Presidente do Banco Central

O presidente do Bacen ressaltou o papel do Congresso que pode impactar na evolução positiva da atividade econômica. “Nós tivemos a aprovação da autonomia do Banco Central, a PEC Emergencial, onde houve ganhos institucionais em relação à estrutura fiscal, e nós entendemos que há um avanço nesse sentido”. Campos Neto reconheceu, no entanto, que os riscos podem aumentar se o agravamento da pandemia for persistente.

O relatório traz reflexões sobre a importância de o Brasil perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia. “Questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas têm o potencial de aumentar a incerteza econômica, os prêmios de risco e a taxa de juros estrutural da economia e depreciar a taxa de câmbio”, reforça o RTI.

Roberto Campos Neto destacou ainda que o crescimento do último trimestre do ano passado e os números de janeiro e fevereiro surpreenderam positivamente “O que pareceu foi que o impacto da ausência do auxílio emergencial foi menor do que o esperado”, disse, destacando que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) “voltou quase todo” após a queda da pandemia.

O BC ainda projeta uma queda da inflação em 2022, para 3,5%. A projeção se mantém em 2023, quando a meta de inflação é de 3,25%. “A inflação projetada para 2023 é levemente superior à meta devido à hipótese de juros neutros e à taxa Selic utilizadas no cenário”, explica o BC.

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Cândida Bittencourt

Jornalista com experiência em jornais, rádios e TV do Brasil e exterior. Formada pela UNI-BH, tem MBA em gestão de marketing pela FGV e especialização em comunicação corporativa pela ESPM.

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