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Barbato: A Indústria Elétrica e Eletrônica em meio à pandemia do novo coronavírus

As empresas do setor elétrico e eletrônico estão somando esforços para a fabricação de ventiladores pulmonares

*Por Humberto Barbato

O isolamento social necessário para o combate à pandemia da Covid-19, a partir das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), provocou uma grande alteração no cotidiano das pessoas.

Nesse cenário de restrição, a tecnologia se impõe como ferramenta fundamental para conectar as pessoas, girar a economia, manter as empresas conectadas, disponibilizar entretenimento, acesso à educação, atender necessidades de abastecimento do setor alimentício, além de otimizar e facilitar o acesso dos consumidores a serviços essenciais.

A necessidade dessa ampla gama de serviços evidencia a importância estratégica da indústria elétrica e eletrônica no Brasil. O setor está presente desde a transformação de recursos naturais em energia até o bit que se transforma em informação no dispositivo de acesso.

Essas indústrias, representadas no Brasil pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), estão em constante processo de desenvolvimento de novas tecnologias integradas, baseadas na eficiência e sustentabilidade, para atender aos diversos segmentos da economia brasileira, com produtos e soluções de telecomunicações, energia, automação, robótica, informática, drones, dispositivos móveis de comunicação, entre outros.

A indústria nacional produz anualmente cerca de 50 milhões de telefones celulares, 6 milhões de computadores (entre notebooks e desktops) e 3,4 milhões de tablets. Segundo dados da Anatel, o país dispõe de uma base instalada de 227 milhões telefones móveis habilitados.

Pelos dados da última PNAD Contínua, 75% dos lares brasileiros têm acesso à internet, sendo que 98% acessam pelo celular e 56,7% pelo computador. A presença de equipamentos nos lares brasileiros foi impulsionada pelo Programa de Inclusão Digital, instituído pela Lei do Bem. Essa iniciativa possibilitou a existência da base instalada que o país tem hoje, ainda que permaneça o desafio de se elevar o percentual de penetração de computadores e acesso à banda larga nas residências de pessoas de baixa renda.

Para sustentar a demanda e fluxo de informações na Era Digital e de conectividade, potencializados pelo enfrentamento à pandemia da Covid-19, a indústria também oferece produtos e soluções para a infraestrutura de telecomunicações como servidores, computadores de grande porte e outros equipamentos para armazenamento e transmissão de dados, como fibras e cabos ópticos, roteadores, repetidores e estações radiobase para telefonia celular.

As indústrias também estão empenhadas junto às agências reguladoras (notadamente a Anatel) e às operadoras para expandir, otimizar e manter as redes em funcionamento, considerando-se o aumento de 25 a 30% no fluxo de dados na internet brasileira como um todo, o que requer investimentos que estão sendo realizados com total prioridade pelas associadas à Abinee. Esse trabalho constante de aperfeiçoamento permite que, mesmo diante da crise e considerando o aumento de demanda, as redes de telecomunicações continuem operando dentro da normalidade, em função de tecnologias 4G e Banda Larga.

Outro fator de destaque são as tecnologias para o uso seguro da Internet. Representando suas associadas, a Abinee contribui com o trabalho dos organismos do Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br, no sentido de minimizar vulnerabilidades nos equipamentos de rede e naqueles instalados nos usuários, que podem ser atacados por agentes maliciosos causando ameaças de segurança de âmbito global, o que exige especial atenção dos fabricantes de dispositivos e operadores de redes, assim como a adoção de boas práticas internacionais. Temos bons indicadores de quarentena que o uso inteligente e seguro da Internet permite a todos uma conectividade de qualidade, tanto para os usos já existentes, como para os que surgiram e se intensificaram com o período de isolamento: o teletrabalho, a tele-educação, a telemedicina, entre outros.

Na base de toda essa infraestrutura tecnológica está o setor de energia. Na área de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica, as associadas da Abinee garantem a operação do Sistema Elétrico Nacional. Afinal, mais de 99% da população brasileira têm acesso à energia elétrica, fazendo desse serviço público o maior em taxa de disponibilidade. E são equipamentos fabricados no País que permitem um atendimento 24 horas, todos os dias do ano. Sem a energia elétrica, outros serviços essenciais, como saúde e segurança, não estariam disponíveis nesse momento. Além disso, as indústrias do setor elétrico instaladas no País estão aptas a aumentar a capacidade de manutenção das redes de distribuição e da geração emergencial se necessária.

Contudo, além dessa capacidade vocacional do setor elétrico e eletrônico, em uma situação de excepcionalidade como a atual, as empresas fazem uso do seu dinamismo tecnológico para contribuir com as autoridades no combate à Covid-19. Em função de mecanismos como a Política de TICs, a indústria instalada no País mantém e fomenta o desenvolvimento das áreas de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, seja com equipes internas, seja com parcerias com institutos de pesquisa e universidades. Essa rede de conhecimento permite a busca de soluções locais para o enfrentamento da pandemia.

Neste sentido, indústrias do setor com grande capacidade produtiva e experiência em operar linhas configuráveis de produção se mobilizaram para aumentar o volume de produção de empresas da área da saúde de menor porte e com capacidade produtiva limitada, especializadas em equipamentos de suporte vital para terapia intensiva. Em parceria com o governo federal, as empresas do setor elétrico e eletrônico estão somando esforços para a fabricação de ventiladores pulmonares (respiradores), aparelhos que ajudam no tratamento dos pacientes infectados pelo novo coronavírus.

Sem uma estrutura industrial local robusta para atender a essa demanda em caráter de urgência, o Brasil ficaria restrito a uma cadeia internacional complexa de abastecimento de produtos, equipamentos e serviços para enfrentamento da pandemia, prejudicando o atendimento de toda a população brasileira. Por sua relevância no contexto econômico e social, a indústria elétrica e eletrônica brasileira mais uma vez se faz presente e coloca sua força e capacidade produtiva a serviço do país.

*Humberto Barbato é presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee)

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