Brisanet pede subsídios para levar 5G à zona rural

CEO da operadora regional diz que custo do investimento no campo é até cinco vezes maior do que nas cidades pequenas; como política pública, defende aplicação de juros subsidiados por meio do Fust
Operadoras entrantes precisam de políticas públicas para levar 5G à área rural, diz CEO da Brisanet
José Roberto Nogueira, CEO da Brisanet, diz que custo do investimento é desafio para levar 5G à zona rural (crédito: TeleSíntese)

O CEO da Brisanet, José Roberto Nogueira, defendeu, nesta terça-feira, 28, a implementação de políticas públicas e subsídios para que as operadoras entrantes do 5G possam levar as redes móveis de quinta geração às zonas rurais do País. Segundo ele, a operação não para em pé caso as empresas tenham que captar recursos no mercado para investir em infraestrutura nessas áreas.

“Já é um desafio construir rede móvel em cidades com menos de 30 mil habitantes. Quando se fala no mundo rural, o desafio é ainda maior, mas vai ser construído pelas regionais”, ressaltou, em evento promovido pelo site Teletime, em São Paulo.

Como operadora regional do 5G, tendo adquirido frequências para o Nordeste e o Centro-Oeste, a Brisanet tem que cumprir os compromissos definidos pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), como ativar a rede móvel em cidades pequenas e nas zonas rurais.

Nesse sentido, Nogueira destacou que “tem que ter taxas subsidiadas” para levar o 5G ao campo, tendo em vista que “o recurso que se tem disponível é para construir na área urbana”. De acordo com o executivo, o custo do investimento na zona rural é “quatro ou cinco vezes maior do que na cidade pequena, com um retorno menor”.

Reformulação do Fust

O CEO da Brisanet avaliou que, ainda que as operadoras possam utilizar recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), o valor disponível (R$ 1 bilhão) é baixo e não será totalmente destinado à implantação de infraestruturas nas zonas interioranas.

Como alternativa, Nogueira apontou que o governo poderia alterar as taxas de empréstimo de longo prazo. Além disso, salientou que é necessário poder acessar de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões por ano até 2030 para atender aos compromissos nas áreas rurais.

“Se o governo captasse recursos no BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento] e engordasse a conta do Fust, captando a 12% ou 13% ao ano, mas emprestando a 2% ou 3%, teria prejuízo, mas seria recompensado”, avaliou. Neste caso, defendeu que o fundo só disponibilizasse fundos reembolsáveis, excluindo a modalidade a fundo perdido.

Ativação da operação móvel

Até o momento, o serviço móvel da Brisanet tem funcionado em modo controlado – isto é, sem a venda de chips em larga escala – como forma de a operadora avaliar a ativação da infraestrutura e o gerenciamento da rede.

No evento, Nogueira confirmou o plano de lançar o serviço comercialmente no início do ano que vem e salientou que a decisão de adquirir a licença da faixa de 2,3 GHz, destinada ao 4G, foi acertada.

“Sem essa frequência, conseguiríamos conectar a nossa rede a apenas 1% ou 2% dos dispositivos, principalmente no interior, onde praticamente não há smartphones de 5G”, explicou.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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