Bloqueadores de sinais interferem na qualidade do serviço, dizem as teles

Bloqueadores de sinal podem causar interrupção ou degradação na qualidade do serviço, afirmam as operadoras em consulta pública da Anatel

Bloqueadores de sinais interferem na qualidade do serviço

Operadoras criticam o uso indiscriminado de bloqueadores de sinal de radiofrequência. É o que diz  relatório da Consulta Pública n.º 60 da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que avalia uma nova regulamentação para o uso bloqueadores de sinal de radiofrequência (BSR). Atualmente, essa instalação é restrita a presídios. Segundo as teles, os bloqueadores de sinal devem ter seu uso limitado, porque causam danos e podem interromper ou degradar a qualidade do serviço.

Para a Claro deveria existir uma gestão adequada das faixas e frequência e áreas de bloqueio para que os limites estabelecidos não sejam excedidos. Na prática, afirma a operadora, o bloqueio de sinais de radiocomunicações pode exceder limites estabelecidos, principalmente nas operações realizadas em áreas externas considerando que foi observado este mesmo problema em ambiente indoor (presídios).

A Oi (em recuperação judicial) e a TIM sugerem que seja deixado claro que as prestadoras de serviços de telecomunicações não são responsáveis pela instalação, manutenção e atualização tecnológica dos equipamentos. Segundo a Oi, isso contribuiria para desestimular iniciativas legislativas de Estados e municípios e que buscam atribuir responsabilidades às prestadoras no que tange aos bloqueadores.

Apenas em presídios

A prestadora Algar Telecom defende que se mantenha o regramento atual em que o uso de BSR é permitido apenas em presídios, utilizado por entidades formalmente designadas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Também sugere a manutenção da caracterização vigente sobre o bloqueio de sinal de radiofrequência.

A TIM critica o uso indiscriminado do BSR. Para a operadora, o equipamento deve ser utilizado em caráter excepcional, com a gestão da Anatel sobre informações relativas aos equipamentos em operação. Defende a utilização de BSR apenas por determinados agentes de segurança pública e em unidades prisionais; critica sua utilização em eventos, a exemplos de desfiles.

Comunicação eficaz

Em relação ao uso do BSR, a TIM e a Claro defendem comunicação prévia à Anatel e às prestadoras, as quais devem ter acesso às informações do equipamento. Além disso, sugere que documentos e requisitos técnicos relacionados ao uso do BSR sejam submetidos à consulta pública.

Nesse sentido, a Claro solicita à Anatel que avalie, com as operadoras, uma forma eficaz de comunicação, “com objetivo de informar as áreas de bloqueio de qualquer característica, possibilitando a adoção de ações que possam minimizar os impactos, além da correta orientação ao usuário.

“Essa comunicação integrada é essencial para garantir a segurança e estabilidade na prestação de serviços de telecomunicações, bem como para monitorar o eventual comprometimento às metas exigidas pelo Regulamento de Qualidade, por exemplo, ou ainda outras obrigações regulatórias”, justifica a proposta da Claro.

No documento, a Claro diz que é importante que a Anatel contribua para que não haja distorções dos resultados dos indicadores nas localidades onde as operações de bloqueios acontecerão, e também não permita que a sociedade e as prestadoras de telecomunicações fiquem prejudicadas com as medidas.

Competência questionada

A Telefônica questiona a competência da Anatel para definir entidades passíveis de anuência ao uso de BSR. A operadora questionando se não seria uma atribuição do Poder Legislativo. Assim como a Claro, a Telefônica defende um cenário mais restritivo ao uso de BSR, tendo em vista que ele prejudica os índices de qualidade e cobertura das prestadoras.

No documento apresentado pelo Telefônica, há uma sugestão sobre a regulamentação torne obrigatória a coordenação prévia entre prestadoras e usuários de BSR,” havendo compartilhamento de informações técnicas sobre os equipamentos; defende que o BSR não seja mais caracterizado como de radiação restrita, sendo necessárias autorizações de uso de radiofrequências e de serviço de telecomunicações”.

Uso simplificado

A Claro apresenta argumentos contra a simplificação do uso de BSR. Segundo ela, a comercialização de BSR de forma irregular é uma realidade no Brasil, prejudicando o atendimento a usuários dos serviços de telecomunicações, e que a flexibilização no uso deste equipamento contribuiria para agravar o problema. Apresenta preocupações quanto à liberação do uso de BSR em ambientes abertos e sugere que seu uso se restrinja aos ambientes “indoor”.

Consulta pública

O objetivo dessa consulta pública é ampliar o escopo de usuários dos equipamentos para outros órgãos de segurança pública e defesa nacional, como Presidência da República; Ministérios da Defesa, Justiça e Relações Exteriores; Forças Armadas; e órgão de segurança pública dos estados.

Contribuíram com a consulta pública as seguintes operadoras: Claro, Oi (em recuperação judicial), TIM, Telefônica, Algar Telecom.

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Gabriela do Vale

Jornalista com 20 anos de experiência em produção de conteúdo e assessoria de imprensa nas áreas de ciência, tecnologia, inovação, telecomunicações, meio ambiente e direitos humanos. Atualmente, trabalha no portal Tele Síntese com produção de conteúdo especializado em telecomunicações, tecnologia e inovação.

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