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Aplicativo Guigo TV distribui TV paga pela internet

Criador diz que duelo entre Claro vs Fox na Anatel traz insegurança ao mercado, mas que serviços OTTs que distribuem canais de terceiros não devem ser impactadas com o resultado da disputa.

Será lançada na primeira quinzena de agosto uma nova aplicação que fará a transmissão de canais de TV por assinatura pela internet. Chamada Guigo TV, a ferramenta está em testes (beta) no momento, e funcionará em smartphones, tablets, computadores e smartvs.

Para seu fundador, o trunfo será a capacidade de atrair consumidores que desejam ter TV paga, mas que acham caro demais pagar pelos pacotes com centenas de canais das operadoras. “Aliás, quando nos ligam pra perguntar quanto custa para assinar todos os canais, respondemos que não há um preço especial e recomendamos que escolham o que de fato querem ver”, diz Renato Svirsky.

A Guigo TV nasceu da ideia de vender apenas os canais que a pessoa deseja assistir. Ou quase. É preciso assinar o pacote básico que, por enquanto tem 18 canais, entre os quais Band, Cultura, Disney Jr., BBC, ESPN Extra. A partir desse pacote básico o cliente pode acrescentar mais grupos de canais. Dá pra acrescentar mais três canais ESPN, por exemplo, dois de novelas mexicanas, cinco infantis, três árabes. Há a opção de adição de canais individuais, canais de moda, de lutas, de filmes adultos.

Claro vs FOX+

Apesar de o lineup de ofertas ser similar ao da TV por assinatura tradicional, Svirsky descarta qualquer necessidade de sujeição à Lei do SeAC, que obriga as operadoras a carregarem uma cota de canais brasileiros de conteúdo independente ou a pagar Condecine. Para ele, não resta dúvida de que o aplicativo é regido unicamente pelo Marco Civil da Internet, que veda a discriminação de tráfego por tipo, origem e destino.

“Nós somos uma TV por assinatura. Mas a lei do SeAC está submetida à Lei Geral de Telecomunicações, e está claro na LGT que serviços de valor agregado não entram nessa batuta. Todo mundo está ciente dessa situação e tem visão de que o SeAC existe para cabo e TV por satélite”, afirma em conversa com o Tele.Síntese.

Caso os aplicativos que transmitem conteúdo linear fossem considerados TV paga, então outros serviços semelhantes já deviam ter sido barrados, a seu ver. “O DAZN [que transmite partidas esportivas] é TV por assinatura. O ESPN Watch, UOL Esporte Clube também”, exemplifica.

Mas não o são porque a simples transmissão do canal linear pela internet não enquadra um serviço na Lei do SeAC. Nem é isso que move, no seu entendimento, a ação da Claro contra a FOX para barrar o serviço FOX+. Neste caso, diz, a cautelar da Anatel se refere à prática de uma programadora ser também a responsável pela distribuição, isso sim proibido.

“A proibição [depois suspensa na Justiça] não é sobre o streaming de canais lineares. É sobre a FOX vender diretamente os canais dela. No nosso caso, somos um comercializador pela internet. Nunca vamos produzir conteúdo, somos empresa de tecnologia”, afirma.

Congresso

Svirsky afirma, porém, que o Congresso Federal terá de propor mudanças na lei para acabar de vez com a insegurança jurídica que paira sobre o desenvolvimento destas soluções. “Acho que o caminho será mais desregulamentar a TV paga do que de regulamentar o controle de conteúdo na internet”, acrescenta.

Independente do que ocorrer com a disputa Claro x FOX, o Guiga TV será colocado no mercado. E a empresa vai buscar parcerias com as operadoras e, principalmente, ISPs para atrair consumidores. “Nossa ideia é oferecer descontos aos assinantes de um plano de banda larga do ISP”, conta.

Por enquanto, o serviço é contratado por meio de cartão de crédito apenas. Em breve haverá opção de pagamento por boleto bancário. O modelo é sempre pré-pago, em que o cliente paga antes pelo que vai consumir no mês. O desenvolvimento aconteceu em Florianópolis, contratado da empresa Cheesecake Labs. O investimento no app é todo pessoal, da ordem de US$ 1 milhão.

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