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Stock: “Brasil TecPar terá receita de R$1 bi em 2023”

O CEO da companhia, Gustavo Stock, diz nesta entrevista como faz crescer a empresa, que vai faturar este ano R$ 750 milhões, e comprou sete ISPs. Para 23, pretende chegar a R$ 1 bi de receita com 40% de crescimento inorgânico

Gustavo Stock, Presidente da Brasil TecPar - Foto: Divulgação

Sem fundo de investimento, sem ações listadas na bolsa e com o custo maior do dinheiro, a Brasil TecPar continua comprando ISPs e chegou a sete aquisições até o momento. A receita anualizada também subiu para R$ 750 milhões e o tíquete médio dos clientes passa de R$ 200, em função da forte participação no mercado B2B.

O CEO da companhia, Gustavo Stock, prevê mais crescimento em 2023 e  fazer uma IPO, uma junção com outra empresa do mesmo porte ou ainda receber investimentos de private equity. “Estamos conversando com todo mundo”, afirma.

Enquanto isso não acontece, a Brasil TecPar continuará comprando, com uma projeção de crescimento na casa de 80% e chegar a  receita anualizada acima de R$ 1 bilhão. “Nós nos preparamos para isso e estamos seguindo o nosso plano elaborado em 2013”, disse Stock.

Qual o segredo da Brasil TecPar continuar comprando ISP, se não tem qualquer recurso de fora?

Gustavo Stock- O crescimento orgânico está caindo cada vez mais. A gente já cresceu até 50% ao ano com construção de rede e hoje a operação que cresce de 15% a 10% organicamente tem que comemorar. A nossa meta para 2022 no mercado B2C é de crescimento de  10% e não sei se vamos conseguir bater, está bem desafiador. No B2B, onde temos uma vertical específica, a Ávato, esperamos crescer em torno de 20%, de forma orgânica e as metas para 2023 nesses dois mercados são as mesmas.

Esse ano a gente fez um trabalho aqui de retenção e fidelização do cliente residenciais e conseguimos reduzir bastante o churn, de perto de 2% para 1,5%. Isso foi uma vitória nossa, porque nós achávamos que não baixaria, em função da inadimplência e da forte concorrência.

E a busca por um fundo de investimento?

Stock- Não está no radar para agora. O mercado fechou no final de 2021, quando os fundos de renda fixa começaram a ganhar espaço e os fundos de investimentos se recolheram, não houve mais nenhum aporte novo no setor. Os que estão no setor pararam de investir. Emitimos debêntures em 2022, conseguimos mais crédito direto e aplicamos uma estratégia de troca de ações também.

Nós tínhamos o objetivo de fechar 2021 com cerca de R$ 500 milhões de receita e para 2022,  temos a meta de encerrar com R$ 750 milhões de receitas. A gente deve atingir esse número. Isso, sem fundo de investimento e sem oferta pública, só com a “vassoura da bruxa”, com o resultado da operação e a relação que a gente tem com o mercado. Nós fizemos muitas aquisições, sete em 2022, e no pipeline da companhia,  temos mais de R$ 1 bilhão de enterprise pré-diligenciado.

Tem muita oferta no mercado e, como  somos, entre as competitivas do mercado, que não fez oferta pública e não tem um private equity por trás, temos liberdade de negociar com vários. Sem contar que os ativos de internet caíram bastante, cerca de 30% em comparação com o ano passado. O custo do dinheiro está mais alto, e, as negociações  avançam quando o provedor consegue entender que o mercado mudou e mudou significativamente. Não é fácil. Mas o fato é que o mercado depreciou muito.

A valuation caiu muito …

Stock- Olha o que aconteceu com as competitivas listadas na bolsa.  E aquelas que são controladas por fundos, seus controladores estão cautelosos e dificultam negócios. Nós nos preparamos para fazer aquisições. Não adianta só ter recurso e não conseguir unificar essas operações. E a Brasil TecPar em 2020 e 21 concluiu a substituição de todos os sistemas, conseguiu estabilizar o SAP, obteve certificações como a ISO 27001, segurança, conformidade e segurança de rede, conseguimos selo de GPTW e um time forte, com uma cultura de operador.

E para o próximo ano, quais os planos?

Stock – As melhores oportunidades para a Brasil TecPar estarão em 2023. Cerca de 80% das operações adquiridas já internalizadas e unificadas, respondendo sobre duas marcas, a Amigo Internet, pro B2C, e a Ávato para o mercado corporativo. A gente está com apetite e dinheiro no caixa para continuar comprando e talvez ainda anuncie a aquisição de outro ISP este ano e em 23, temos meta de crescimento inorgânico de 40%.

Recentemente a Brasil TecPar entrou no mercado B2C em São Paulo.

StocK –. Em São Paulo, nós entramos no B2B há quase dois anos, com a compra da Netsurf. Foi um golaço. Operávamos só no B2B em Mogi e agora entramos no B2C, com 40 mil clientes residenciais e mais 2 mil corporativos. Mas a concorrência é braba, como a gente gosta. Vamos ver se a gente entra em outra operação para fazer uma base de 100 mil clientes no estado. Precisamos ampliar nossa atuação no estado.

Nossos movimentos são bastante claros. Primeiro consolidamos no Rio Grande do Sul. Em Joinville, Santa Catarina compramos um grande ativo em B2B, um data center Tier 3, com crescimento significativo da receita. Fizemos três operações no Rio de Janeiro, depois fomos para o Centro-Oeste, onde havia muita oportunidade no ano passado, só que os valuations não baixaram. E agora vamos nos concentrar em São Paulo.

Quais foram as aquisições da Brasil Tecpar neste ano?

Stock- Foi a Ponto.com, Titania, W3 Mega, Selko e Zecta, no Centro-Oeste, mais a Usafibra, no Rio Grande do Sul. Além do Iveloz, em São Paulo. Em 2021, foram 14 ISPs comprados. No Mato Grosso temos a liderança entre todas as operadoras, grandes e pequenas. No Centro-Oeste, somo os líderes entre as competitivas.

As metas para 2023?

Stock. Nós vamos continuar seguindo o plano elaborado em 2013, que está dando certo. No próximo ano, vamos emitir mais debêntures incentivadas no primeiro trimestre e preparar a companhia para quando o mercado abrir fazer oferta pública de ações (IPO) ou uma combinação com outro competidor. A gente está aberto a qualquer possibilidade.

E aquisições em 2023?

Stock. Estamos fechando agora o orçamento. No crescimento orgânico no B2C pretendemos crescer 10%, no B2B 20% e o crescimento inorgânico, a previsão é de 40%. A gente deve encerrar até o terceiro trimestre preparado para abertura de capital, para uma possível combinação ou ser investido por um private equity, com uma receita de cerca de R$ 1 bilhão anualizada, apostando na abertura de janelas no mercado para atingir alguma dessas opções.

Antes disso é seguir o plano, fazendo aquisições para atingir o crescimento projetado de 70% a 80% do volume de negócios de hoje.  A receita mensal da companhia deve subir de R$ 62 milhões para R$ 100 milhões, com Ebitda de cerca de R$ 450 milhões.

E o número de assinantes, qual a meta?

Stock. O número de assinantes é uma referência para a Anatel, mas não é para nós aqui. Por que o número de assinantes está muito relacionado ao mercado B2C, com um tiquete médio de R$ 100 e o nosso é o dobro. Como a gente tem uma estratégia forte no mercado B2B, assinantes não é um grande indicador, embora tenhamos hoje cerca de 370 mil acessos. Mas 30% desses acessos são de clientes corporativos, então, tem um tíquete médio que descola das outras companhias.

 

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