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AEB prioriza lançamentos de microssatélites no Centro de Alcântara

Segundo o presidente da Agência Espacial Brasileira, Carlos Moura, o Centro de Lançamento do Maranhão deve começar a operar com esse nicho que envolve aparelhos menores para telecomunicações e observações
Base de lançamentos de Alcântara (Maranhão) / Foto: AEB

Após a aprovação do  Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) com os Estados Unidos, no ano passado, o Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, já está na rota de negociações de contratos para o lançamento de microssatélites e constelações de aparelhos desse porte para observações detalhadas da superfície da Terra e telecomunicações. Os entendimentos são preliminares, mas já há termos de confidencialidade de dados assinados para a evolução de contratos envolvendo equipamentos com peso inferior a 100kg. Em meados deste ano devem ser discutidas as condições dos contratos. Segundo a AEB, que é vinculada ao MCTIC, o mercado espacial como um todo já movimenta U$ 360 bilhões e deve triplicar até 2040.

“O setor de microssatélites é o nicho preferencial. De tudo que nós já estudamos, acreditamos que isso seja mais viável para o Brasil, neste momento”, afirmou ao Tele.Síntese o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Moura, referindo-se a negociações com pequenas e médias empresas estrangeiras. “Isso é uma tendência mundial irreversível. Inclusive já se discute se o setor de comunicações, praticamente todo absorvido pelos satélites geoestacionários, realmente não vai perder espaço para constelação de satélites em baixa órbita. A tecnologia está permitindo movimentos nesse sentido nos quatro cantos do mundo, envolvendo empresas americanas, europeias e chinesa”, avaliou.

Segundo Moura, as negociações com potenciais clientes estão na fase do “pré-flerte”, sem a divulgação dos interessados. A assinatura de termos de confidencialidade de informações segue as normas do acordo firmado com os EUA, que é detentor da maioria das patentes de equipamentos usados no setor espacial. Além disso, o presidente da AEB destacou que o centro poderá oferecer às empresas interessadas lançamento tanto por veículos lançadores quando por aeronaves.

O executivo aponta que Alcântara tem vantagens geográficas para atrair esses investimentos de menor porte por causa das vantagens geográficas que oferece por estar bastante próxima da linha do Equador, o que reduz os custos em 30%, e por já contar com uma estrutura mínima para os lançamentos. Além de plataformas, o centro já oferece radares e aparelhos de meteorologia.

“Esse mercado está crescendo muito. O investimento é de pequeno porte. São necessários pouquíssimas melhorias em Alcântara para entrar nesse mercado”, calculou. Ele disse que cerca de R$ 180 milhões relativos a emendas parlamentares e do Ministério da Defesa serão investidos para melhorar a infraestrutura de Alcântara, como o aeroporto do centro, e estimular a criação de um ecossistema de empresas do setor no Maranhão. É também esse o objetivo de emenda do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

Reposição

O nicho dos microssatélites é avaliado como a nova onda do mercado aeroespacial que aproveita o embalo da miniaturização dos componentes, abrindo forte concorrência com os grandes satélites, que envolvem investimentos maiores. Em termos de constelações, estima-se que gravitam hoje cerca de 2.500 satélites em órbita. Nas próximas décadas, só a Space X quer lançar 42 mil. E tende a bombar na próxima década.

As constelações de satélites são outro atrativo do segmento de microssatélites pela necessidade de reposição dos aparelhos entre três a cinco anos. “Provavelmente haverá  problema de reposição desses satélites. Então, para Alcântara, essas constelações abrem o mercado muito interessante porque é um trabalho continuado”, projetou. Depois disso, Moura espera que a experiência puxe a fila para lançamentos de projetos maiores.

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