Vivo é empresa mais transparente quanto ao uso de dados dos clientes, aponta estudo

Net e Nextel são as empresas que menos se comprometem publicamente com a privacidade e transparência sobre o tratamento conferido aos dados dos usuários

O Internetlab e a Electronic Frontier Foundation (EFF) divulgaram hoje, 4, em São Paulo, o estudo Quem Defende Seus Dados? (QDSD?), sobre a transparência das operadoras brasileiras de telecomunicações quanto ao uso e tratamento de informações pessoais dos clientes.

O material indica a Vivo como a empresa que melhor informa os usuários sobre como trata os dados, em quais condições repassa informações a autoridades. É, também, a única que publica todo ano relatório de transparência sobre pedidos de dados por parte do poder público.

“A Vivo é a única que tem um centro de privacidade na internet com informações atualizadas, com vídeo explicativo de suas políticas no Youtube. Por causa disso, recebeu a estrela cheia”, diz Jacqueline Abreu, coordenadora de privacidade e vigilância do Internetlab.

Já NET e Nextel obtiveram as menores notas do estudo, sendo as empresas menos transparente quanto à forma como lida com as informações pessoais.

O Internetlab destaca que a Vivo obteve uma boa colocação porque a matriz da empresa, a espanhola Telefónica, publica relatórios detalhados de transparência. Mas avisou a empresa que, a partir de 2019, vai desconsiderar materiais que não sejam publicados em português.

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Na tabela acima, vemos os resultados gerais do estudo para os serviços de banda larga fixa (símbolo de uma casa) e de telefonia móvel (um celular). As notas são graficamente definidas, podendo variar de zero (estrela vazia) a quatro (estrela cheia).

Enquanto a Vivo se destaca de maneira geral, não é a empresa mais bem colocada em certos quesitos. Na defesa dos interesses dos usuários perante o Judiciário, por exemplo, Claro e Oi aparecem mais engajadas. Enquanto a TIM é a companhia que, publicamente, mais se pronuncia favoravelmente à criação de políticas pró-privacidade.

Nenhumas das empresas, no entanto, informa os clientes caso o poder público solicite acesso a dados pessoais dos clientes. “Em casos que não há segredo de Justiça, como processos para identificação do autor de uma postagem caluniosa em rede social, isso é importante para que o investigado possa se defender”, explica Dennys Antonialli, diretor executivo do Internetlab.

Progresso

O estudo foi realizado entre a segunda metade de 2017 e o começo deste ano. Os pesquisadores do Internetlab avaliaram todos os documentos públicos, contratos, notícias e declarações feitas pelas empresas ou seus representantes que indicassem como lidam com dados pessoais.

Esta foi a terceira edição do estudo. Segundo Antonialli, o material indica evolução na transparência das empresas, embora haja retrocesso em certos casos.

“As empresas começam a entender que o objetivo não é avaliar se cumprem ou não a legislação, mas o compromisso público que assumem para com os usuários. Nesse sentido, vemos que houve avanços, apesar de a Net ter simplificado muito seus contratos a ponto de retirar informações”, avalia.

Na primeira edição do estudo, de 2016, a Net era a segunda mais clara e transparente sobre o uso dos dados, atrás apenas da TIM. Enquanto a Oi era a mais mal colocada (veja aqui).

Foram analisados documentos das empresas que tenham ao menos 1% dos acessos a internet fixo ou móvel no país. Uma mudança em relação às versões anteriores, em que o corte era 10%. Com isso, Algar, Nextel e Sky entraram no ranking.

O material completo está disponível online, aqui.

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Rafael Bucco

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