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Em tom de campanha, Guedes promete redução de impostos sobre telecom e aumento do Auxílio Brasil

Ministro da Economia, Paulo Guedes fez promessas ao setor durante fala de abertura do Painel Telebrasil 2022. Entre as quais, redução de impostos setoriais, depreciação de 100% dos investimentos no ano por empresa, e baixa do IPI a zero.

Responsável por abrir o Painel Telebrasil 2022 nesta terça, 28, o ministro da Economia, Paulo Guedes, não fugiu ao tom de campanha eleitoral. Nos mais de 40 minutos de fala, criticou opositores, imprensa, governos anteriores e fez promessas que, disse, serão concretizadas em caso de reeleição.

Ele afirmou que pretende reduzir tributos sobre a produção. No caso, falou que trabalha com a meta de zerar o IPI, incidente sobre industrializados, e baixar impostos setoriais que incidem sobre telecomunicações. Em aceno à população de baixa renda, defendeu aumento do Auxílio Brasil em razão da crise causada pela “agudização” da Guerra entre Rússia e Ucrânia.

“Vamos fazer a reindustrialização do Brasil. Nossa ideia é acabar com o IPI. Baixamos 35% nos últimos anos. Se continuarmos, vamos baixar para zero. É um imposto regressivo, que atinge os mais frágeis e desindustrializa o Brasil”, disse. A seu ver, é possível baixar tributos reduzindo o “inchaço estatal”.

Para o setor de telecom, acenou com mudança nas CIDEs. “Vamos fazendo remoção de obstáculos, desde o Fust, a taxas que não devem ser cobradas; vamos reduzir o corporate tax, o imposto sobre empresas. Estamos analisando fazer a depreciação acelerada de 100%. Ou seja, 100% do investimento seria dedutível do resultado anual das empresas antes de tributar”, sugeriu.

Ele defendeu aumento do Auxílio Brasil (antigo Bolsa Família). “Se a guerra se agudizar, lançamos novo programa de proteção às camadas mais vulneráveis. Amanhã, o congresso deve lançar essa camada a mais de proteção de R$ 200”, falou.

Rússia não é amigável

Guedes afirmou que sua Pasta trabalha para aproveitar o momento geopolítico. A seu ver, Estados Unidos e Europa vão entrar em recessão no curto prazo, enquanto o Brasil vai crescer. Ele defendeu que o Brasil seja responsável por garantir a “segurança alimentar do mundo e a segurança energética da Europa”.

Apesar de o Brasil integrar o grupo dos BRICS, e o presidente Jair Bolsonaro ter participado de encontro virtual com os presidentes de Rússia, Índia, China e África do Sul na última semana, Guedes afirmou que a Rússia não é vista como um país “amigável”, e que o Brasil pode se aproveitar disso.

A seu ver, para superar a crise econômica global, os países buscam soluções logística e geopolítica. A primeira diz respeito a reduzir a dependência de artigos produzidos “longe”. A segunda, buscar parcerias com nações amigas.

“Primeira exigência [para o comércio] é logística, tem que estar perto. Tem uma segunda exigência: geopolítica. Proximidade não é tudo. Rússia está perto da Europa, mas não é amigável. Tem que estar perto e ser amigo. Quem é essa economia? É o Brasil. Nosso acesso à OCDE deve ser acelerado. Nossa aproximação por logística e geopolítica é inevitável”, falou.

Ele afirmou ainda que o cenário externo vai se agravar, e os países vão promover guerras comerciais para atrair investimentos.

Disse que o Brasil pode atrair para si a produção de semicondutores. “Nessa reconfiguração da cadeia produtiva global, o Brasil pode virar a segurança alimentar do mundo, a segurança energética da Europa. Tecnologia pode ser feita aqui, semicondutores podem ser feitos aqui, e o país entrar em rota de crescimento por uma década, uma década e meia”, afirmou, sem detalhes.

Semicondutores

Após o discurso, em rápida conversa com jornalistas, Guedes afirmou que o governo está convidando fabricantes de semicondutores a se instalarem no Brasil. Mas falou que ainda não há decisão sobre edição de medida provisória para criação de uma política de atração.

“Estamos conversando com quem produz na Europa, na Ásia. Estamos falando: façam arranjos produtivos e tragam para o Brasil. Esse mesmo arranjo que vocês têm em Taiwan, na França, nos EUA, tragam para o Brasil. Se mais tarde tiver problemas geopolíticos ou logísticos, vocês já terão fábrica no Brasil também. Depois da resposta deles, vamos ver como fazer”, afirmou ao Tele.Síntese.

Colaborou Carolina Cruz

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