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A compra de provedores entra no radar das teles, diz consultor

Rodrigo Leite, sócio da Advisia, diz que as teles começam a preparar-se internamente para avaliar oportunidades no mercado de provedores

Se dois ou três anos atrás as grandes operadoras não se preocupavam nem um pouco com o mercado de provedores regionais, isso não é mais verdade nos dias de hoje. Depois que alguns fundos de investimentos começaram a apostar neste mercado, especialmente nos últimos três anos, o cenário começou a mudar. É certo, diz Rodrigo Leite, sócio da consultoria Advisia, que as teles ainda não estão preparadas para ir às compras de provedores, mas estão começando a tomar providências nesse sentido.

Ao falar sobre consolidação no mercado de provedores regionais – o último movimento foi a compra de oito empresas mineiras pelo Fundo Vinci -, Leite, que participou ontem, 16, do Encontro Provedores Regionais Minas Gerais, em Contagem, MG, disse que a competição na banda larga entre as grandes empresas tende a se acirrar com a consolidação dos provedores regionais. E que a tendência entre as líderes de mercado é comprar outras menores para manter a liderança.

“Acredito que as telcos começam a olhar o mercado de provedores regionais com um olhar diferente porque não vão querer esperar muito para comprar mais caro mais para frente dos consolidadores, que são os fundos de investimentos que estão comprando empresas, consolidando essas empresas, para vender mais tarde para as telcos”, disse ele. Leite relatou que existem 20 organizações diversas, de que sua consultoria tem conhecimento, que estão no mercado comprando provedores ou investindo em provedores. “Fora aquelas de que não temos conhecimento.”

Acompanhando há cinco anos o mercado de provedores, Leite entende que ainda há espaço para crescimento da banda larga fixa e do FTTH e, portanto, do negócio dos provedores regionais que cresceram 33% entre 2015 e 2018, abocanharam 41% dos novos acessos em 2018, têm 23% da base instalada segundo dados oficiais e 33%, segundo avaliações da Advisia em função da subnotificação de dados. Ou seja, seriam responsáveis por 12,2 milhões de acessos de uma base de 37 milhões.

É com base nesses dados e nas projeções de crescimento da base de FTTH que a Advisia recomenda o investimento a seus clientes. Leite disse com todas as letras que quem tiver interesse em vender a operação tem que ter boas práticas contábeis, números claros e informações confiáveis. Explicou que o que chama de consolidadores, que são as instituições que querem comprar empresas para consolidar e vender, gostam de comprar barato. Barato, segundo ele, significa, via de regra, 4 a 5 vezes o valor do Ebitda (lucro antes dos juros, investimentos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês). “Em termos de faturamento bruto, isso significaria de oito a dez vezes.”

Já na venda para uma tele, se poderia alcançar, nos cálculos do consultor, valores bem maiores, de oito a dez vezes o Ebitda, o que representaria de 28 a 40 vezes o faturamento bruto. “Opção viável apenas para grandes provedores, com alta rentabilidade, alto nível de formalidade e de interesse estratégico para a tele”, destaca Leite.

Outros potenciais investidores seriam os grandes fundos de Privaty Equity, que não estão buscando este mercado por desconhecimento; os fundos de infraestrutura, que não conseguem ter exposição ao varejo, segundo Leite. Há, ainda, os pequeno fundos de Privaty Equity que poderiam investir nos provedores como sócios minoritários para multiplicar o capital.

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