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Correios Celular terão aparelhos à venda nas agências, afirma Guilherme Campos

O presidente dos Correios, Guilherme Campos, já negocia com os principais fabricantes de aparelhos para vender os celulares em todas as agências da empresa. E em seu plano de reestruturação, para acabar com o prejuízo de mais de R$ 2 bilhões ainda neste ano, pretende reposicionar a empresa para o competitivo mercado de encomendas.

Guilherme-Campos-Caio-Nantes-02As agências dos Correios vão vender em breve aparelhos de celular, além dos chips do serviço pré-pago de sua nova operadora de telefonia móvel, que pretende estar presente em mais de três mil municípios brasileiros até o final deste ano. O presidente dos Correios, Guilherme Campos, nesta entrevista ao Tele.Síntese faz um balanço dos desafios de suas gestão, e avisa que pretende livrar a empresa do prejuízo (de mais de R$ 2 bilhões) ainda em 2017.

TELE.SÍNTESE: Qual a vantagem competitiva do Correios Celular, se é apenas pré-pago?

GUILHERME CAMPOS: Correios Celular é um produto muito simples de ser explicado. A presença física que dá muita credibilidade. E,  na operação, a cada chamada você tem um retorno de qual  é seu saldo restante. Transparência na relação com os clientes.

TELE.SÍNTESE: Esse serviço, para os Correios, do ponto de vista financeiro, é importante?

GUILHERME CAMPOS: É um produto importante, que tem agregado ao portfólio da empresa. Não é a solução para todos os problemas dos Correios, mas é um produto muito interessante e que nos ajuda nesse processo de reposicionamento da empresa, na busca da rentabilidade e de resultados. Nós já estamos colhendo um ganho marginal, e deu uma  rejuvenescida na marca muito grande.

TELE.SÍNTESE: Vocês  financiam aparelho de celular?

GUILHERME CAMPOS: Ainda não.

TELE.SÍNTESE: Mas pensam em fazer?

GUILHERME CAMPOS : Sim. Vamos vender aparelhos nas agências. Também me perguntei porque a gente não começa a usar o Correios Celular nas nossas atividades aqui da companhia. Aí descobri que não poderia, porque são licitação distintas.

TELE.SÍNTESE: Para vender o aparelho tem que ter uma negociação boa com o fabricante.

GUILHERME CAMPOS : Já recebi vários interessados.

TELE.SÍNTESE: Vai conseguir um preço igual ao das grandes teles, que compram centralizado para o mundo todo?

GUILHERME CAMPOS: Opa! Tenho recebido preços bem interessantes.

TELE.SÍNTESE: Imagina chegar a 500 mil usuários de celular ?

GUILHERME CAMPOS: Em doze meses.

TELE.SÍNTESE: Março do ano que vem (2018)?

GUILHERME CAMPOS: Isso!

TELE.SÍNTESE: Depois de um ano o sr. imagina já estar vendendo aparelhos?

GUILHERME CAMPOS: Acho que antes disso.

TELE.SÍNTESE: A empresa  está com uma dívida muito grande

GUILHERME CAMPOS : Os Correios no Brasil deixaram de se preparar e de se atualizar para esse mundo aonde não tem mais papel. Os Correios no Brasil não fizeram a lição de casa há pelo menos dez anos.

TELE.SÍNTESE: O que o pretende com os Correios? Que  tenha rentabilidade e que não precise de orçamento federal?

GUILHERME CAMPOS:  Ele nunca teve orçamento federal. Nunca teve!

TELE.SÍNTESE: Mas hoje tem um prejuízo de dois bilhões. Quem paga?

GUILHERME CAMPOS: A empresa.

TELE.SÍNTESE:  Ela se endivida para poder pagar o prejuízo?

GUILHERME CAMPOS: Ainda não chegou a se endividar.

TELE.SÍNTESE: Parece que essa nova estratégia para os Correios é que  passe a prestar serviços para o governo. Seria a mesma exclusividade reivindicada, por exemplo, pela Telebras, que não precisa disputar licitação para prestar esses serviços?

GUILHERME CAMPOS: Estamos falando coisas distintas. O governo precisa se relacionar com o cidadão. Ele não precisa criar nenhum balcão para fazer esse atendimento ao cidadão. Pode usar os Correios, que já estão aí.

TELE.SÍNTESE: E como é que está avançando essa negociação? Estão negociando com o planejamento? Ministério por Ministério?

GUILHERME CAMPOS: Isso é tão importante, que na reestruturação que realizamos, foi destinada uma vice-presidência para tratar do assunto,  que é a de negócios de setor público. E é ela que vai cuidar disso.

TELE.SÍNTESE: Como é o novo Correios que  está imaginado?

GUILHERME CAMPOS: Um modelo de prioridade de negócios, saindo de um modelo anterior, funcional. O nosso momento é para reduzir custos, utilizar processos, sinergia entre as áreas, fazer um enxugamento para poder ter novamente resultados para o futuro. Uma migração de curto prazo cada vez maior, saindo do mundo do monopólico postal e entrando no mundo concorrencial, que é a encomenda. E agregando com outras atividades que possam ser potencializadas pelas características dos Correios.

TELE.SÍNTESE: Em relação ao enxugamento, tem enxugamento de pessoal?

GUILHERME CAMPOS: Tem. Já fizemos o PDI, que está aquém da  nossa necessidade.  Estamos avalizando a possibilidade da vinda de mais um PDI. Uma última chance para quem quiser aproveitar o PDI e sair da empresa, porque o próximo passo é demissão motivada. Porque nós estamos muito apertados mesmo.

TELE.SÍNTESE: Pretende sair do prejuízo em quantos anos?

GUILHERME CAMPOS: Nosso planejamento é estar no azul ainda este ano.

TELE.SÍNTESE: Porque precisa estar no azul ainda este ano?

GUILHERME CAMPOS: Porque a nossa situação como empresa,  como estatal independente, não aguenta mais um ano na situação de prejuízo continuado que estamos passando. Simples assim!

TELE.SÍNTESE: E qual é sua avaliação sobre o Banco Postal?

GUILHERME CAMPOS: O modelo do banco postal não é dos Correios, é do Banco do Brasil e o Banco do Brasil não dá uma atenção com tanto carinho para o banco postal como ele dá para ele mesmo.

TELE.SÍNTESE: Tinha um problema, não sei se existe mais, em relação ao transporte aéreo. Foi resolvido?

GUILHERME CAMPOS: Transporte aéreo é um dos problemas a serem resolvidos. A definição da base aérea remonta o tempo de transporte da correspondência e não do transporte de encomenda. É necessária  uma readequação  do transporte aéreo.

TELE.SÍNTESE: Alguma ideia de abrir o capital dos Correios?

GUILHERME CAMPOS:Essa  é uma questão de Estado. Quem pode responder a  essa pergunta é o Michel Temer

TELE.SÍNTESE: Já foi discutido isso?

GUILHERME CAMPOS: Não.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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