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5G ainda não está “madura” para implantação no Brasil, diz CEO da Claro

Paulo César Teixeira defendeu adiamento do leilão para começo de 2021. Falou também que pandemia impactou o pré-pago, mas campanha para ensinar clientes a usarem canais digitais de recarga recuperaram as receitas no segmento.
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Paulo César Teixeira, CEO da Claro, afirmou hoje, 5, durante evento online que a tecnologia 5G ainda não está madura para ser implementada no Brasil. Esse é um dos motivos que o levam a crer que o leilão de espectro para 5G precisa ser adiado pela Anatel. A crise relacionada à pandemia de Covid-19 é outra razão.

Segundo ele, os dispositivos que serão usados pelos clientes para acessar redes 5G ainda estão muito caros para o cenário brasileiro. Quando a tecnologia estiver mais amplamente usada nos outros países, os custos devem se aproximar do que pode ser pago pelo cliente brasileiro.

“Não adianta querer implantar uma tecnologia nova, tendo todos os produtos com um custo maior. A penetração da tecnologia em mercados relevantes vai trazer escala e permitir que o preço [dos dispositivos] para o próximo ano seja mais adequado para o mercado brasileiro”, afirmou. O executivo participou do Futurecom livecast.

Ele explicou que a 4,5G (LTE-Advanced) é um exemplo de como a tecnologia das redes chega antes dos dispositivos. Atualmente, estimou, apenas 20% dos smartphones conectados na rede 4,5 G da Claro têm tecnologia Massive MIMO, capazes de aproveitar toda a capacidade móvel possível.

Leilão 5G adiado

O executivo defendeu que o cenário da pandemia de covid-19 também trouxe imprevisibilidade ao setor, reduzindo receitas e ampliando a inadimplência no primeiro momento. Isso, por si, já justificaria, a seu ver, um adiamento do leilão de frequências 5G para 2021.

“O leilão 5G tem que ser replanejado. Não faz sentido nesse cenário todo, de muita incerteza pela frente. Acho que é muito mais saudável se reprogramar o 5G para ocorrer no início do próximo ano”, defendeu.

Para ele, seria melhor inclusive para o governo e Anatel adiarem, pois valoriza o ativo e dá tempo de agência responder a questões pendentes. Ele não disse quais, mas o debate é intenso sobre a convivência da tecnologia móvel em espectro de 3,5 GHz com serviços de satélite na banda C, em especial, de TV aberta transmitida por satélite (TVRO).

“Estamos no meio de uma tempestade, não sabemos quando vai arrefecer, então acho que é muito difícil fazer uma previsão e impor um cronograma para que o leilão ocorra ainda este ano”, resumiu Teixeira.

Por fim, ele lembrou que a 5G vai exigir a instalação de milhares de novas antenas, mas legislações municipais são restritivas e impedem as operadoras de implantarem toda a infraestrutura necessária.

Baixa no pré-pago durou pouco

Teixeira contou que o isolamento social teve impacto direto sobre as operações da Claro. No primeiro momento, e empresa verificou aumento do consumo de banda larga, especialmente nos fins de semana, acima das expectativas. No móvel, houve redução do tráfego, especialmente em áreas mais isoladas.

A receita no pré-pago também sentiu o baque, e caiu imediatamente. Mas, segundo ele, a companhia soube interpretar o cenário. O problema se deu, afirmou, porque as pessoas estavam acostumadas a comprar créditos em estabelecimentos físicos, como bancas, bancos, lotéricas etc.

“Vimos que as pessoas estavam com dificuldade de fazer a recarga. Aí passamos a informar o cliente e a trazê-los para o digital. O cliente aprendeu a fazer, conheceu as ferramentas, viu que é muito mais eficiente. Então vimos claramente na sequência os números voltarem a se recuperar, e já estamos com bons números no momento”, relatou.

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