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Setor florestal clama por conectividade para chegar à automação

Painelistas do AGROtic destacam que avanço do setor esbarra na falta de conexão à internet; além disso, ressaltam que demanda no campo para serviços de telecom não se resumem ao agro
Sem banda larga, setor florestal tem dificuldade para chegar à automação
Painelistas destacaram como a ausência de conectividade no campo dificulta o avanço do setor florestal

A falta de conectividade em diversas áreas do País tem travado o avanço do setor florestal. Segundo participantes do mercado, apesar de o Brasil ainda se manter como uma das economias mais competitivas no ramo, as empresas precisam recorrer a processos produtivos arcaicos e de baixa eficiência em função da ausência de banda larga.

Em painel no AGROtic 2024, evento promovido pelo Tele.Síntese em parceria com a ESALQtec, Amanda Nodari, especialista em Competitividade e Inovação da Dexco, ressaltou que os avanços em coleta de dados em máquinas amarelas e de colheita são notáveis, mas o processo “esbarra na [falta de] conectividade”.

“Não podemos dizer que a barreira [do acesso à internet] foi ultrapassada”, frisou. “Temos visto um avanço em relação a isso, com a Starlink e a conectividade satelital, mas a realidade é que ainda estamos muito em nível de discussão sobre como tornar isso viável para os produtores”, salientou.

Nesse sentido, Guilherme Oguri, coordenador executivo do Instituto de Pesquisas Florestais (IPEF), acrescentou que, quando se fala em atividade produtiva no campo, as empresas de telecomunicações estão muito voltadas ao agro, praticamente ignorando a demanda do setor florestal.

“Precisamos de mais atenção em termos de conectividade. A nossa participação no PIB [Produto Interno Bruto] não é pequena e somos [Brasil] os melhores do mundo em produzir floresta”, pontuou.

Além disso, Oguri destacou que a silvicultura brasileira não chegou à automação porque ainda está se esforçando pela mecanização. Para ele, o setor ainda precisa resolver pendências tecnológicas para se aproximar da indústria 4.0.

“Ainda temos pessoas no campo, em um sol de 40º C, plantando muda por muda”, relatou. “O programa que coordeno traz novas tecnologias pensando em mecanização, mas a engenharia florestal ainda peca sobre como usá-las. É um gargalo”, complementou.

Realidade das grandes empresas

Rodrigo Nascimento de Paula, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Suzano, gigante do ramo de papel e celulose, também entrou no coro por mais conectividade ao setor.

Apesar de a companhia contar com diversas tecnologias para uso em seu processo produtivo – como leitura de materiais genéticos, algoritmos para tomada de decisão, ferramenta para previsão do clima –, reforçou que, “para o futuro, penso que ainda temos um grande desafio de cobertura [de banda larga]”.

“Todo esse aparato tecnológico é um caminho sem volta. A evolução da mecanização e da automação nos traz um cenário bastante otimista em relação aos desafios de colher, cultivar e plantar”, indicou.

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